Especial

A pandemia ainda não apagou a magia do Natal das crianças

Escrito por Carina Fernandes

As crianças são, talvez, as que menos se apercebem daquilo que se está realmente a passar desde março. Sabem que existe um vírus e que há coisas que tiveram de mudar, como a celebração do Natal, que este ano será bem diferente dos anteriores. O que não muda é a magia do momento.

Miriam Morgado, de 5 anos, residente em Pinhel, sabe que este ano «não vem um tio» e percebe a razão. «Anda aí um vírus mau», diz, e por isso há coisas que têm de ser diferentes. Já Carlos Pinheiro, também da “cidade-falcão”, vai fazer o mesmo que no ano passado. «Vou ao carrossel todas as noites», confessa o menino de 4 anos, acrescentando que o faz com «cuidados por causa do vírus». Mariana Lacerda foi quem mais sentiu as mudanças no seu quotidiano por causa do novo coronavírus: «Agora não se pode dar abraços nem beijinhos, só se pode dar cotoveladas ou pontapés», explica a menina de 4 anos. Este Natal será passado só com «os pais e o mano», declara. «Ainda é cedo para sabermos até que ponto as crianças vão ficar afetadas com esta confusão toda», adianta Anabela Miranda, educadora do Jardim de Infância do Agrupamento de Escolas de Pinhel.

No dia-a-dia do espaço pouco mudou, para além das medidas que estes estabelecimentos estão obrigados a cumprir, como, «por exemplo, os pais deixarem os filhos à porta». As educadoras tentam não deixar transparecer para as crianças a gravidade real da situação, mas chegados ao Natal a realidade da escola «foi completamente diferente», garante Anabela Miranda. Em anos normais «há sempre uma festa com a comunidade, com os pais, com os grupos todos da escola e este ano não se fez. Até a própria vinda do Pai Natal e dos motards foi diferente porque deixaram os presentes à porta e foram embora», lamenta a educadora. Para atenuar essas consequências «a gente tenta com eles, mesmo ao nível da música e das expressões, vivenciarem essas emoções como nos anos anteriores, mas foi muito diferente», afirma.

Em relação às festividades natalícias, a educadora acredita que as crianças só vão mesmo sentir que o Natal não será igual «quando efetivamente chegar o dia, se os pais cumprirem as regras, e a convivência não for tão alargada como era antes». Na sua opinião, as crianças poderão ficar mais afetados «nas relações afetivas, principalmente com os avós, porque deixaram de os ver com tanta regularidade», mas de resto ainda não têm a capacidade de perceção total. O vírus pode andar aí, mas se há coisa que ele ainda não roubou é a capacidade de sonhar dos mais pequenos e a sua vontade de pedir presentes ao Pai Natal. A Miriam quer «um urso de peluche», já o Carlos diz ser fã de aves e por isso pediu «uma águia com controlo remoto». Mais específica é a Mariana, que pediu «uma bicicleta como o mano, mas cor-de-rosa», e com rodinhas «porque ainda sou pequenina», acrescenta.

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Carina Fernandes

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