O turismo é, certamente, a mais transversal de todas as atividades económicas. A sua atomização empresarial, embora desvantajosa quando se utiliza a métrica da rentabilidade económica, dá-lhe uma dimensão de maior participação coletiva nos serviços e recursos que afeta, desenhando um modelo económico mais inclusivo, quer na diversidade de atores que associa, quer na expressão da sua territorialidade.
A Covid-19 está a acelerar a digitalização do sector do turismo e será uma das chaves para impulsionar a sua reativação, juntamente com as novas tecnologias que ajudam a tornar as visitas mais seguras, contribuem para fornecer mais informação aos viajantes e possibilitam maior capacidade para compreender as mudanças no comportamento da procura e experiência turística.
Nos próximos anos, esperam-se turistas e um turismo mais digitalizado, que conforme afirma Zurab Pololikashvili (secretário-geral da Organização Mundial de Turismo) incorporará tecnologias “nova geração”, tais como check-in online e sensorização para reduzir filas e multidões, inteligência artificial para obter informações personalizadas e promover visitas sem atritos ou experiências imersivas, com recurso a técnicas de realidade aumentada e realidade virtual, entre outras.
A Big Data, Artificial Intelligence and the Internet of Things (IoT) serão três tecnologias que, em combinação, ajudarão a avançar na recuperação do sector, exigindo um esforço tecnológico e financeiro dos atores públicos e privados para obter o máximo desempenho possível. Promoverão a dotação de espaços e equipamentos de novas funcionalidades, capazes de garantir uma experiência alavancada por ferramentas tecnológicas, facilitadoras da mobilidade e acesso a serviços, garantindo maiores níveis de confiança. O desenvolvimento de tecnologia sem contacto será cada vez mais exigido pelos consumidores, indo transformar as experiências dos visitantes, bem como as tecnologias na área de saúde, que desempenharão um papel relevante ao permitir que as pessoas se movimentem e experimentem o mundo à sua volta com confiança e facilidades em serviços médicos à distância.
Surge assim um campo de possibilidades, ou melhor de necessidades, cujas empresas de tecnologia e as entidades de investigação e desenvolvimento (I&D) terão para explorar, quer conquistando novos formatos de promover e/ou auxiliar a experiência turística, quer nas capacitações que os empresários e políticos terão que considerar para o seu reposicionamento, garantido confiança e simultaneamente conforto e satisfação. As “start-ups” terão um papel fundamental na recuperação do sector turístico, de passagem para um modelo mais digital e sustentável, encurtando distâncias físicas, gerando ambientes de usos amigáveis, incorporando um crescente numero de serviços tecnológicos.
Assim, por detrás da crise sanitária e da consequente recessão económica, temos um contexto de emergência e (r)evolução tecnológica que devemos abordar a partir de uma nova visão e flexibilidade, necessariamente mais impessoal, menos social e requerendo novas competências. Avançamos rapidamente para formatos de colaboração à distância, para a utilização massiva de suportes tecnológicos, construindo diferenciados processos de consumo, confiança e exigência nas práticas turísticas.
Repensar o Turismo e aproveitar o impulso tecnológico para enfrentar desafios e oportunidades
«O desenvolvimento de tecnologia sem contacto será cada vez mais exigido pelos consumidores, indo transformar as experiências dos visitantes»