P – Esta semana começaram as prova-ensaio e (ModA), em que consistem? A que anos de escolaridade se dirigem? São obrigatórias?
R – A realização das provas-ensaio e das provas ModA concretizam o novo modelo de avaliação externa e inserem-se na política educativa do Governo de Portugal consubstanciada na continuidade da transição digital do sistema educativo. Em síntese, o novo modelo de avaliação externa tem como objetivo permitir a comparabilidade dos resultados, a regulação do desenvolvimento do currículo nas escolas, a monitorização das aprendizagens, a melhoria dos processos didáticos de ensino e a tomada de decisões de política educativa. Os decisores políticos sabem que a tomada de decisão deve estar suportada em evidências sólidas. O atual modelo de avaliação externa pretende constituir-se como uma fonte de informação fiável e útil para uma efetiva monitorização das aprendizagens do aluno ao longo do tempo.
As provas-ensaio e ModA são de realização obrigatória para os alunos dos 4.º, 6.º e 9.º anos de escolaridade.
As provas-ensaio destinam-se aos alunos dos 4.º, 6.º e 9.º anos de escolaridade e têm como objetivo principal a familiarização dos alunos com o ambiente de avaliação digital. Simultaneamente, a realização das provas-ensaio permite aos diferentes organismos do Ministério da Educação, Ciência e Inovação aferir a capacidade de aplicação efetiva da avaliação das aprendizagens em suporte digital. As provas ModA realizam-se no final do ano letivo (maio) para os 4.º e 6.º anos de escolaridade. O 9.º ano realiza, também no final ano, as habituais provas finais de ciclo, que a tutela pretende que se realizem em formato digital.
P – Cada escola pode decidir se contam ou não para a classificação, o Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque definiu que contam para a classificação final dos alunos, porquê?
R – A avaliação dos alunos, interna e/ou externa, representa sempre uma oportunidade para os diferentes intervenientes no processo educativo – alunos, encarregados de educação e professores – aferirem as competências e capacidades adquiridas. Dos alunos aos docentes, passando pelos pais e encarregados de educação, é importante valorizar e confiar nos instrumentos que são colocados à disposição das escolas pela tutela.
O passado revelou, através das provas de aferição, que a ausência de relevância para a avaliação dos alunos, deu origem a uma desvalorização desta tipologia de instrumento de avaliação externa.
De forma aberta e participada, a instituição auscultou as estruturas de coordenação educativa intermédia, que consideraram importante valorizar a realização das provas-ensaio e ModA incorporando-as na avaliação dos alunos. Não obstante, o Conselho Pedagógico da instituição não deixará de avaliar as exatas condições em que as provas se vão realizar para garantir que todos os alunos se encontram em igualdade de circunstâncias. Do acompanhamento referido anteriormente e se, comprovadamente, os alunos não realizarem as provas em igualdade de circunstâncias, admite-se rever em que moldes as provas-ensaio e ModA relevam para a avaliação dos alunos.
P – As provas são feitas de digitalmente, porém há escolas e turmas (nomeadamente no AEAA – 6º Ano) que não têm equipamento informático ou boa conetividade à Internet, como é que alunos sem computador ou com quebras online os alunos poderá fazer esta prova e contar para a nota final?
R – A impossibilidade de atribuição dos equipamentos informáticos no AEAAG, em alguns anos de escolaridade, deve-se à distribuição inicial dos equipamentos. O número de equipamentos distribuídos inicialmente foi inferior ao número de alunos do 2.º e 3.º ciclos de escolaridade. Apesar dos sucessivos pedidos da instituição à tutela para corrigir esta falha, tal nunca aconteceu. A juntar ao constrangimento referido anteriormente, as escolas deparam-se agora com o fim da garantia dos equipamentos o que, no AEAAG, eleva para mais de 300 equipamentos inutilizados por falta de reparação.
Não obstante as dificuldades referidas e, no sentido de mitigar os constrangimentos, os alunos do 6.º ano dispõem de duas salas totalmente equipadas, com computadores portáteis e conectividade à internet, que podem ser utilizadas em permanência pelas diferentes turmas. A instituição implementou as medidas necessárias para garantir a instalação de hotspots nas salas de aula para garantir a conectividade.
A direção do AEAAG acompanhou, precisamente, o arranque das provas-ensaio no 6.º ano de escolaridade e testemunhou que tudo funcionou em pleno. Pais, encarregados de educação e alunos devem ser tranquilizados relativamente à realização destas provas.
P – Há outras mudanças, especialmente, no 4º Ano, mas também no 6º Ano e no 9º que estão a perturbar os pais, que mudanças são essas e o que vai acontecer?
R – É evidente que o edificado escolar na Guarda se depara com diversas insuficiências para as exigências da educação no século XXI. Educamos, em 2025, em edifícios escolares com mais de 60 anos. Deparamo-nos com a inexistência de espaços para refeições, espaços para convívio e lazer dos alunos, espaços amplos e polivalentes, instalações desportivas, bibliotecas (ex. EB do Espírito Santo) e dispersão de recursos humanos em tempo de escassez destes.
Saindo da “zona de conforto”, a instituição procura constantemente soluções que garantam a todos os alunos, em circunstâncias de equidade, as mesmas condições e oportunidades. Envolvendo os interessados, estamos a auscultar a comunidade educativa sobre a forma de funcionamento do 4.º ano de forma integrada numa solução que garanta oportunidades pedagógicas que, de outra forma, não são /seriam possíveis. A direção pretende proporcionar o acesso a instalações específicas (ex. laboratórios), espaços desportivos e de lazer, refeições escolares (de oferta obrigatória) nos estabelecimentos de ensino, sem necessidade de deslocação das crianças, apoio pedagógico, medidas de promoção do sucesso escolar, coadjuvação em diferentes áreas do currículo, biblioteca escolar para todos, frequência de clubes (ex. teatro, escrita criativa, desporto escolar, etc.), alargamento do horário de acolhimento dos alunos, AEC em instalações específicas e otimização dos recursos humanos existentes.
P – Quais a carências que perturbam a comunidade escolar, além das transformações digitais?
R – Sem que deva constituir um motivo de ansiedade para a comunidade educativa, a falta de professores – que é real – pode, muito em breve, deixar os nossos alunos sem aulas, em uma ou várias disciplinas. À falta de professores junta-se o envelhecimento do pessoal docente e não docente com as evidentes consequências que daí decorrem. Ainda que a esperança média de vida aumente, não significa que as capacidades funcionais também se prolonguem no tempo. Na Guarda reside um caminho para percorrer em matéria de educação. Sem ser necessário inovar, concretizar a escola a tempo inteiro (não significa crianças na escola o dia inteiro), garantir refeições escolares para todos em circunstâncias de conforto e igualdade, alargamento do período de acolhimento dos alunos através do horário de funcionamento dos estabelecimentos de ensino, as artes na escola, ocupação dos alunos durante as interrupções letivas (pausas letivas e férias escolares) e a integração de alunos migrantes podem muito bem representar os próximos desafios da educação.
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Perfil
Nome: José António Soares Carvalho
Diretor do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque
Profissão/funções: Docente/ Diretor do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque
Idade: 47 anos
Currículo (resumido): Professor de Educação Física do Ensino Básico e Secundário, Especialidade em Administração Escolar e Administração Educacional, Diretor do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, Subdiretor da Escola Secundária da Sé, Vogal da Comissão Administrativa Provisória do Agrupamento de Escolas da Sé, Formador, Treinador e coordenador técnico na área do desporto/ Futebol
Livro preferido: Educar com Mindfulness; Educar pela Positiva; Parentalidade Nórdica; O Segredo na Gestão de Pessoas; Liderança: A Prática da Liderança, a Liderança na Prática; Autocontrolo
Filme preferido: Duelo de Titãs (Remember the Titans) e As palavras que nunca te direi
Hobbies: Formação, Desporto (Futebol, Ski, Correr, BTT), Tecnologia, Ler, Cozinhar e Viajar.