No passado dia 7 de dezembro fomos surpreendidos com a triste notícia da chegada de uma nova ausência, que quebrou um elo na cadeia de união que liga os Artistas aos Poetas. Tamanha tristeza ficou em cada um de nós. O João Mendes Rosa tinha partido sem avisar. Sozinho, durante a noite, chorei a sua morte.
Confesso que não me preocupei muito com as causas da sua morte, mas sim com o modo como ele viveu, o que me/nos ofereceu em 53 anos de vida, a importância que teve, os seus ensinamentos, o seu legado, a sua esperança em dias melhores com mais LUZ para iluminar, as suas gentes, construindo masmorras a vícios antigos, abrindo PORTAS à virtude e à Cultura. O João contribuiu para que o nosso Museu deixasse de ser apenas regional, sugeriu novos espaços para a Cultura e conseguiu até reabrir o antigo Cine Teatro, mesmo que temporariamente. A Arte fervilhava na Guarda saindo à rua com os SIAC´s, inquietando a cidade com gritos de liberdade, mesmo que a muito(as) não agradasse.
Sim, é verdade que o João não agradou a todos(as), sei que não era uma pessoa fácil, acontece quase sempre com pessoas carismáticas e geniais como ele: era controverso, perseverante, agitador, criativo, energético, exigente e, por isso, muito rigoroso. Conheci tudo isto nele. No entanto, nunca esqueçam de lhe dar o mérito, pelo menos esse, de ter UNIDO os(as) artistas como ninguém.
João, meu querido amigo, tudo está consumado. Como guardense, agradeço-te por tudo o que fizeste na minha/nossa cidade. Curvo-me à tua passagem para te aplaudir. Nunca te esqueças que, no ocaso, estarei espiritualmente a teu lado nos olhos do “Montanheiro” a olhar para a fronteira que tu tanto quiseste abrir para internacionalizar a Guarda através da Cultura. João, valeu a pena… mas és uma perda, uma dolorosa ausência de quem foi e é tão presente em mim. Amanhã, o Sol nascerá outra vez com toda a sua força e vigor, e as tuas asas brilhantes continuarão a ser vistas nos lugares e pessoas que ficam depois de ti.
* Escultor