Não devia ser tentado a escrever uma crónica com um título assim, mas por vezes, entre o humor e a realidade, e com o distanciamento necessário, temos de olhar para o disparate ou escrever disparatadamente, sobre o que ocorre à nossa volta… O leitor fará o favor tirar as suas conclusões!
O PSD é poder na Guarda (e é extraordinário que possa haver tantos pretendentes ao lugar num partido que tem o poder e devia estar unido de forma incondicional). Depois de quase 40 anos de domínio socialista, Álvaro Amaro beneficiou da divisão socialista em 2013 (recordar que o PS impôs como candidato José Igreja; o então vice-presidente da Câmara, Virgílio Bento, depois de 16 anos na vereação, também quis ser candidato à cadeira maior e, perante a escolha do PS, abandonou o partido e constituiu uma lista independente, que não chegaria passar os crivos legais, depois de uma sondagem da SIC lhe dar o terceiro lugar com cerca de 25% das intenções de voto. Conclusão, a divisão do PS acabaria por levar o PSD à sua primeira vitória na Câmara da Guarda). Em 2017, voltou a ganhar, agora sem o apoio do CDS. E depois partiu para Bruxelas deixando ao vice-presidente Carlo Chaves Monteiro a presidência.
O grego Diodor Sículo terá feito a primeira referência a uma lista de sete maravilhas, e depois o epigramista e poeta grego Antípatro de Sidon (100 anos A.C.) criou a primeira lista de sete maravilhas. Desde então, passámos a procurar o 7 para resumir o que de melhor encontramos. Onde seja!
Rui Ventura: o nome do presidente da Câmara de Pinhel foi referido como putativo candidato à Câmara da Guarda, nomeadamente por pinhelenses que viam no seu protagonismo vontade de dar um salto para a capital de distrito. O próprio esclareceu que não tinha essa pretensão em entrevista à Rádio Elmo e depois a O INTERIOR, declarando que seria candidato à Câmara de Pinhel (ao terceiro mandato) e depois abandonaria a vida autárquica – que não a vida política ativa: numa jogada de mestre de Carlos Condesso e Rui Ventura, irão protagonizar uma lista de consenso à Distrital depois de anos de divisão do PSD de Álvaro Amaro e Carlos Peixoto, por um lado, e o “grupo de Pinhel” por outro. Rui Ventura será o vice da distrital que será liderada por Carlos Condesso.
João Prata: É o nome que aparece sempre nas suposições, sempre presente, sempre putativo candidato! Leva 16 anos como presidente da Junta, 12 a liderar a extinta Freguesia de S. Miguel, e, depois da agregação das freguesias da Guarda, lidera a Junta urbana há seis e por lá deve continuar mais meia dúzia de anos – enquanto a lei o permitir… O seu nome é sempre suficientemente consensual, mas, depois de Álvaro Amara o ter ostracizado, e mesmo continuando a manter a sua auréola de homem dedicado à coisa pública, ainda não será em 2021 que será candidato.
Tiago Gonçalves: Ainda presidente da Concelhia da Guarda, anunciou que abandonará o lugar, mas quer manter-se no círculo do poder. Tem aspirações a ser presidente da Câmara e fica à espera do seu momento, daqui a 20 ou 30 anos…
Cidália Valbom: Presidente da Assembleia Municipal. Apareceu na política na tentada candidatura independente de Virgílio Bento em 2013 e, com surpresa, seria “repescada” por Amaro em 2017 para encabeçar a lista à Assembleia Municipal. Independente, dificilmente poderá contar com o apoio do PSD nas suas pretensões, apesar do apoio do ex-presidente.
Sérgio Costa: Vice-presidente da Câmara da Guarda. E candidato à presidência da Concelhia do PSD. Corre em pista própria no executivo e deixou clara a sua intenção ao candidatar-se à concelhia: quer ter a prerrogativa estatutária de escolher o nome do próximo candidato à Câmara da Guarda. Apoiado pelos presidentes de junta do concelho, poderá afirmar o seu nome ou sugerir outro, porventura negociar o apoio a Cidália Valbom (apadrinhado por Amaro). Falta saber até que ponto o atual presidente da Câmara não denunciará a deslealdade e atuará em conformidade – retirar os pelouros e o poder executivo a Sérgio Costa que como vereador perderá influência e ficará refém de Chaves Monteiro. Poderá ser o candidato do PSD, mas é improvável que o possa ser em 2021.
Carlos Chaves Monteiro: É o presidente da Câmara da Guarda e será o candidato em 2021. Rui Rio disse-o com todas as letras no último congresso do PSD: onde o partido é poder o candidato está escolhido. Mas pode mudar de ideias, pelas pressões de Amaro ou pelas pretensões do candidato à concelhia. Se essa for a opção, Chaves Monteiro fará o seu caminho. Será o candidato do PSD, mas poderá até ser candidato independente. O PS está à espera. Se o PSD se dividir capitalizará a divisão e procurará um candidato forte para recuperar uma capital de distrito. Até pode convidar Chaves Monteiro. Pode pedir a Seguro para regressar à Guarda. Ou a outra figura consensual. Ou deixar nas mãos de Monteirinho. Muito para além das disputas internas, o candidato do PSD em 2021 à Câmara da Guarda será naturalmente Chaves Monteiro. Outra escolha será meio caminho para o PSD perder a Câmara.