Entre 2008 e 2014, os contribuintes portugueses foram chamados a gastar o equivalente a 11,3 por cento do produto interno bruto (PIB) para ajudar e salvar bancos, 19,5 mil milhões de euros, diz o Banco Central Europeu (BCE), num novo estudo sobre o “impacto orçamental do apoio ao setor financeiro durante a crise”.
Segundo o “Diário de Notícias”, não sendo das maiores proporções da zona euro – na Irlanda o custo financeiro para os contribuintes atingiu 31,1 por cento do PIB, na Grécia chegou a 22,1, só para citar os casos mais impressionantes –, a verdade é que o BCE dá nota muito negativa a Portugal. Razão? Os governos falharam redondamente na recuperação dessas ajudas, muitas delas injeções de dinheiro (empréstimos) por conta de ativos bancários ilíquidos ou sem quase valor nenhum.
A taxa de recuperação de ativos (do dinheiro público empatado nos bancos ou com os bancos) – que no fundo é a diferença entre o custo bruto dos ativos financeiros comprados aos bancos e o custo líquido – é «particularmente baixa na Irlanda, em Chipre e Portugal, ao passo que é relativamente alta na Holanda», refere o estudo, que faz parte do boletim económico do BCE. Portugal falhou, basicamente. A taxa de recuperação é quase nula.
«A maioria dos governos da zona do euro apoiaram o setor financeiro com um conjunto de medidas», mas estas foram variando de país para país. O sucesso em reaver o dinheiro público também. O BCE dá exemplos. Comprando os ativos ilíquidos dos bancos, com empréstimos diretos às instituições; comprando ativos, incluindo ações, e títulos de dívida, tendo os governos dado em troca dinheiro ou outros colaterais a preços de mercado; injetando capital nas instituições em dificuldades comprando ativos «bem acima do valor de mercado».