Exma. Senhora Presidente do SNPL,
Minhas Queridas Senhoras,
Meus Excelentíssimos Amigos,
Excelências:
Começo por agradecer a generosidade com que vão ouvir-me, e este agradecimento não tem nada que ver com palavras de circunstância, tanto mais que não sei como vão receber o conteúdo do que vou dizer, sequer se o meu tom vos agradará.
Sucede é que a Educação e o Ensino em Portugal vivem um momento muito negro e as coisas têm que afirmar-se tal qual.
Alguma imprensa fala na reforma que está sendo efectuada pelo Ministério da Educação. Mas que reforma, se nada disto o é!? Que atrevimento!!
Antes de mais nada, a ministra deve dizer ao País algo como isto: passei toda a minha vida a estudar Educação. No Liceu estudei História a fundo; na Universidade fiz uma série de cadeiras, desde História da Antiguidade Oriental, História da Antiguidade Clássica, História da Civilização Grega, História da Filosofia Antiga, até História da Arte Pré-Grega, Grega e Romana.
E estudei Homero e Hesíodo, Píndaro e Simónides, os pré-socráticos, Sócrates, Platão e etc, etc. E sei qual a importância de Sócrates e dos sofistas para a Educação; e assim por diante, até hoje. Também domino em absoluto, v.g., a Paideia de Werner Jaeger. Aliás, é por isso que vou reintroduzir, no Liceu, o estudo do Grego e do Latim, para o Português se alcandorar ao nível que deve ser o seu, em vez do miserando nível em que se encontra.
Também acho muito bem a criação de uma Ordem de Professores, porque o que pretendo é o mais elevado.
Consabidamente a Ministra não tem categoria para um discurso destes. De resto, não há que ter medo em declarar que é um espírito maligno que irradia apenas energia negativa. É consensual.
E, todavia, ela não é o único inimigo dos professores. Cito, desde já, Marcelo Rebelo de Sousa, que cabe às mil maravilhas no que Ortega y Gasset, salvo erro n’A Rebelião das Massas, denomina de idola fora (os ídolos da praça), ao qual pergunto como tem tempo para estudar de tudo o que fala, ou se quer que o levem a sério; e, além de Marcelo, o Presidente da República.
Sobre este é obrigatório relembrar, muito vivamente, que, enquanto Primeiro-Ministro, nos deu ministros da Educação tão conspícuos como Couto dos Santos ou Manuela Ferreira Leite. Ainda se lembram? Que, agora, chamou para o seu círculo (perdoem-me se não uso a palavra “staff”) um senhor chamado David Justino, outro autor de “reformas”; e que, enquanto Chefe de Governo, de visita oficial à Suécia, foi aí prontamente identificado como homem sem horizontes.
Mas a Luciano Amaral, Proença de Carvalho e outros, temos, igualmente, que estar atentos. Sabemo-nos suficientemente, do mesmo modo que não temos palavras para homenagear Santana Castilho, que, no “Público” de 19-VI, dá 4 valores à Ministra da Educação. Parafraseando a cantiga de escárnio, todavia, peço-lhe licença para dizer: e ainda são muitos, tão mal ela canta.
Aos empresários – que apoiam os professores –, como o noticiava há dias o “DN”, as minhas mais vivas felicitações.
Precisamente porque Maria de Lurdes Reis Rodrigues é tão má [como ministra], peço encarecidamente a quem tenha informações sobre a sua origem sócio-cultural-económico- religiosa que mas passe. Preciso delas urgentemente.
Quanto a este nosso sindicato, ou quer ter a responsabilidade dos professores e orgulhar-se do seu carácter prospectivo, ou, então, que não tenha ilusões. Por mim desmarquei outra incumbência para hoje, afim de estar aqui a dizer isto.
O nosso horizonte é a espiritualidade da Nação na dignidade cosmopolita.
Muito obrigado.
Curia,14º aniversário do Sindicato Nacional dos Professores Licenciados, 8-VII-06
Por: J. A. Alves Ambrósio