O título deste escrito remete para um dos mandamentos da nossa Santa Madre Igreja. Não que o escriba pretenda abordar temas de índole religiosa, embora, não raro, fosse útil recorrer a uma boa dose de fé para acreditar… Adiante se verá.
Com o aproximar de setembro e as eleições autárquicas já ali a espreitar, têm vindo a surgir os tradicionais outdoors que passam a imagem dos vários candidatos, acompanhada (a imagem) por frases chavão (ou slogans se se quiser recorrer a um anglicismo). Tudo devidamente assente em cores que vão do azul-celeste ao verde da esperança, passando pelo azul forte.
Ora, no que à capital do distrito diz respeito, vejamos:
Começando pela candidatura do atual presidente da autarquia, Carlos Chaves Monteiro aponta baterias para “Mais e Melhor Guarda”. Resume assim o seu objetivo, apontando para horizontes de esperança e pretende levar os seus concidadãos a acreditar consigo. Haja fé, caros leitores.
Já o agora autoproclamado independente, Sérgio Costa, recorre apenas a duas palavras, “Pela Guarda”. Frase curta, mas que pode levar a interpretações mais do que muitas: trabalhar pela Guarda, investir pela Guarda, pugnar pela Guarda, passear pela Guarda, …? Haja fé caros leitores.
Na candidatura de Luís Couto assume-se que se persegue a “Liderança e Compromisso”. Se o primeiro conceito qualquer um facilmente relacionará com a sua (dele) liderança, já o segundo levanta, pelo menos, duas questões: compromisso com o quê? Compromisso com quem? Esperemos por respostas e… haja fé caros leitores.
Para compor o ramalhete, que até agora, se resume a coisas bem terrenas, o candidato Francisco Dias eleva-nos o espírito recorrendo à poesia do nosso D. Sancho (ainda que adaptada aos tempos que correm) e afirma o “Muito me tarda o Desenvolvimento na Guarda”. Sem outdoors, mas bem presente nas redes sociais, é esta a queixa do candidato. E, sim, surge mais como queixa. E, assim, ao olhar-se apenas para aquela frase, ficamos sem perceber quais os grandes desígnios que o candidato almeja para a Guarda. Mas… haja fé caros leitores.
E, sim, também por aí estão os candidatos Jorge Mendes e Honorato Robalo, até agora bem mais parcimoniosos nas suas aparições públicas.
A questão aqui, caros leitores, é que boa parte dos nossos conterrâneos se tem vindo a fartar de eternos dogmas que exigem doses massivas de fé.
Vamos ver se haverá por aí fé suficiente e crentes em número razoável que permitam que o dogma passe a realidade atingível.
Por mim espero que o nome de Deus (da Guarda) não esteja a ser invocado em vão…
N.R: Texto publicado na edição 1.121 de 14 de julho de 2021