Trancoso já está a trabalhar no futuro dos soutos de castanheiros do concelho e na melhoria da produção de castanha. A tarefa envolve uma parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que está a apostar na criação de castanheiros in vitro e num souto de germoplasma.
«O “TrancasNut” visa a melhoria do castanheiro e da castanha no nosso concelho através de dois campos experimentais, um dos quais é um souto em que os produtores vão poder acompanhar todo o processo necessário para obter uma boa produtividade», disse Pedro Fidalgo a O INTERIOR em abril de 2019. Segundo o técnico do município, o futuro deste setor passa por «termos melhores árvores, melhores enxertias e melhor cultura do souto, que é ainda muito rudimentar em Trancoso e não teve qualquer tipo de evolução nos últimos 40 anos». O que vai revolucionar esta cultura será também o recurso à micropropagação in vitro em castanheiros. Isto é, a clonagem de árvores a partir de uma planta mãe para dar enxertias de boa qualidade aos produtores. «Estes castanheiros criados em laboratório serão o futuro, pois terão excelentes condições fitossanitárias, não terão doenças e o seu preço vai baixar rapidamente porque a produção é rápida e em pouco espaço», sublinhou Pedro Fidalgo, segundo o qual um castanheiro custa 8 a 9 euros e com a clonagem «o preço cairá para metade e com a garantia de árvores mais resistentes e com mais e melhor castanha».
É que esta técnica permite definir «a quantidade a produzir, o tempo de produção, as características das plantas e garante a inexistência de variabilidade genética entre plantas, que não é possível noutro modo de produção não é possível», acrescentou o técnico municipal. Para Amílcar Salvador, presidente da Câmara de Trancoso, estas serão duas medidas que vão contribuir para desenvolver a cultura do castanheiro no município. «Queremos ter mais e melhor castanha nos próximos anos graças a esta parceria, que será fundamental para apoiar os nossos 900 produtores», considerou o edil, lembrando que nos primeiros três anos deste acordo com a UTAD foram plantados 4.000 novos castanheiros.
«É muito bom, mas o estudo apresentado pela universidade conclui que o concelho tem capacidade para 14 mil novos castanheiros que terão mais produtividade e produzirão castanha de melhor qualidade», acrescentou o autarca trancosense. O protocolo com a UTAD foi renovado até 2024 e representa um investimento de 110 mil euros – cerca de 22 mil euros por ano.