Especial Festival da Castanha de Trancoso

A rainha que veste de castanho

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Escrito por Efigénia Marques

Produtores e vendedores de Trancoso lamentam quebra nas vendas e na produção de castanha, que este ano é de menor calibre

A castanha é a rainha da feira de Trancoso, que acontece este fim de semana no Pavilhão Multiusos, numa época em que se começa a colher o fruto que depois se degusta no magusto. Este ano, o Verão menos quente foi uma das principais causas por a castanha ser de menor tamanho.
A falta de calor teve consequências nos castanheiros e na produção, com Eugénio Dias, vendedor do fruto mais apreciado no Outono, a garantir que «o desenvolvimento não foi o melhor, com o frio os castanheiros apanharam doenças e as folhas começaram a cair mais cedo e não vão ter castanhas praticamente nenhumas». Apesar disso, este ano «a qualidade, a nível de podridão, é aceitável, com uma quantidade bastante reduzida», afiança o comerciante. Contudo, o preço da castanha cisma em baixar de ano para ano e 2021 não é exceção pois «o preço do quilo está inferior aos anos passados derivado à falta de calibre da castanha».
Todas as variantes que têm diminuído a qualidade, tamanho e calibre não apresentam grandes quebras nas vendas, segundo o vendedor. «As vendas estão a correr normalmente na zona de Trancoso, mesmo sendo a castanha de tamanho mais pequeno, há uma procura acima da média tanto no país como para o estrangeiro», adianta Eugénio Dias. Também a pandemia afetou o setor como todos os outros, mas foram os assadores de castanha que saíram mais prejudicados, pois «apesar dos vendedores terem continuado a vender, os assadores perderam pela falta de visitantes e turistas que vêm às cidades. São coisas que fazem falta», lamenta.
Apesar da quebra provocada pela pandemia, Eugénio Dias exporta castanha para Inglaterra, França e Espanha e garante que as vendas estão a correr bem apesar das adversidades desta época: «O tamanho resolve-se, o calibre também. Quando a castanha tem qualidade tudo se ultrapassa», afiança. Já os produtores, que são quem tem o primeiro contacto com o fruto, dizem estar «desiludidos» com a colheita deste ano, uma vez que se previa «uma colheita recorde, comparada com a de 2017/2018», afirma Francisco Correia, de Vila Franca das Naves.
Contudo, o tempo trouxe «geada, chuva e depois sol muito forte», variações das condições climatéricas que prejudicaram muito os castanheiros ao «queimarem as folhas e fazerem cair os ouriços», realça o produtor. Apesar das adversidades, a qualidade da castanha mantém-se, com uma cor que «condiz com a dos anos passados», mas «nos primeiros dias de colheita a castanha não apresentava a cor dos outros anos», revela. Francisco Correia diz ainda que este ano tem «quebras na base dos 50 por cento», mas a castanha é «muito sólida e estou muito satisfeito com a qualidade que apresenta», sublinha.
A quebra de produção verificada nesta colheita trazia consigo uma baixa expectativa dos produtores quanto ao preço, mas, segundo Francisco Correia, tudo ficou na mesma. «É algo que me espanta porque se previa que o preço disparasse para valores muito elevados. Contudo, o fator pandemia ainda se reflete no negócio, onde houve pessoas a perder emprego e o poder de compra atual não é tão elevado e tudo isso influencia», conclui o produtor vilafranquense.
O tempo das castanhas é um período importante para todos os produtores e vendedores, sobretudo para o concelho de Trancoso, onde o setor é um dos mais importantes com um volume de negócios que ronda os 5 milhões de euros. Este ano, o preço do quilo situa-se nos 2,5 a três euros.

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Efigénia Marques

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