Covid-19 Sociedade

Novo confinamento é «golpe final» para atividade comercial da região

Escrito por Jornal O INTERIOR

Alerta é das associações empresariais, que pedem apoios concretos para o comércio e a restauração e já falam no surgimento de problemas sociais «ainda não possíveis de quantificar»

O novo confinamento geral do país é visto como uma ameaça para as empresas e empresários da região, que pedem mais apoios e menos restrições para os seus negócios. Para muitos será o «golpe final», avisam os dirigentes das associações empresariais da região.

O presidente da Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA), sediada na cidade mais alta, fala mesmo num «problema gravíssimo» para os setores do pronto a vestir, do retalho e do calçado, que vão ser «seriamente penalizados» com um confinamento que surge em plena época de saldos. «Estando fechados um mês, estes comerciantes perderão a oportunidade de vender o resto das coleções e terão de ficar com elas porque daqui a um mês ninguém irá comprar nada referente ao Inverno», exemplificou Pedro Tavares. Pior só mesmo na restauração, considera o dirigente empresarial, para quem a situação será «desastrosa» com mais um mês de portas fechadas. «O Governo tem estado a apoiar o máximo que pode, mas uma coisa é receber apoios e outra é as pessoas estarem a trabalhar, o que dava para irem vivendo», adianta. E avisa, dizendo que, «a longo prazo, outros setores que trabalham para a restauração e para o comércio também irão ser afetados». Pedro Tavares alerta que alguns setores da economia da região vão «pagar faturas muito altas».

Uma opinião partilhada pelo presidente da Associação Empresarial do Nordeste da Beira (AENEBEIRA), em Trancoso, para quem este novo confinamento vai acabar com os pequenos negócios. «O pequeno comércio que tem a porta para a rua, que é o chamado comércio tradicional, não contribui nada para o aumento do contágio. Nós verificamos que no interior do país grande parte dos focos de contágio tiveram origem em pessoas oriundas das regiões de Lisboa, Porto, Coimbra e algumas do estrangeiro», afirma Tomás Martins, constatando, com ironia, que o Nordeste da Beira, que inclui concelhos dos distritos da Guarda e de Viseu, está em «“confinamento” há mais de 40 anos». Por isso, as restrições de circulação e o dever de recolhimento agora em vigor para travar a pandemia «só vêm contribuir para agravar o problema de falta de atividade comercial».

O responsável receia que o fecho dos estabelecimentos comerciais irá «acabar com aqueles que têm resistido e têm tentado resistir» à crise, porque são «pequenas unidades de negócio que vão acabar por fechar definitivamente». Na sua opinião, «o que estão a fazer é acabar connosco. Para o interior isto é o golpe final, até porque os apoios não têm passado de meras intenções». Apreensivos estão também os empresários do distrito de Castelo Branco. «Atendendo às debilidades próprias da região, aos custos de contexto e da interioridade, é expectável que haja grande contração das atividades, provocando efeitos secundários colaterais, até do ponto de vista social, ainda não possíveis de quantificar», alerta José Gameiro.

Por isso, o presidente da Associação Empresarial da Beira Baixa pede que a ajuda às empresas deve ser acelerada e defende ajudas diretas e de capital a algumas empresas, consoante os setores, enquadramento regional, postos de trabalho e relevância do ambiente em que estão inseridas. Sugere ainda a conversão «das moratórias de impostos em abatimentos nos mesmos, de forma que as empresas não se vejam, no futuro, aquando da retoma, a braços com uma dívida impagável».

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