Na terça-feira havia no distrito da Guarda 103 pessoas infetadas com coronavírus, sobretudo em lares de idosos, e foram confirmadas cinco mortes em consequência da Covid-19. Apenas cinco concelhos não tinham registos da doença. Mas o quadro está em constante mutação.
Na última semana os dados sofreram um crescimento exponencial por causa do surgimento de casos em unidades residenciais para a terceira idade. «Sabemos que são sempre uma preocupação, pois existem no distrito 132 lares que acolhem cerca de 4.500 utentes, e mais agora num contexto pandémico que afeta quem está mais debilitado», refere Ana Isabel Viseu. A delegada de saúde coordenadora da Unidade de Saúde Pública da Unidade Local de Saúde da Guarda aponta a situação de Vila Nova de Foz Côa como «a mais problemática» e destaca mais dois casos que estão a ser acompanhados pelos serviços com «preocupação». No lar da Misericórdia de Gouveia foram testados, com recursos da instituição, 95 utentes, funcionários e bombeiros depois de uma residente ter dado positivo à Covid-19 e falecido na segunda-feira. Alguns resultados foram divulgados e atualizados pelo município, que confirma agora a existência de oito pessoas infetadas. «Todas as pessoas testadas estão a cumprir quarentena, independentemente de terem tido resultados positivos ou não, e não apresentaram, até ao momento, quaisquer sintomas da infeção», acrescenta a autarquia, que adianta que as medidas de isolamento entre infetados e não infetados já foram iniciadas.
Em Pínzio foram igualmente testados 45 utentes e funcionários depois de uma auxiliar ter dado positivo à Covid-19 na sexta-feira. Desde então a instituição está em isolamento e, à hora do fecho desta edição, sabia-se apenas que o marido da trabalhadora estava infetado e em quarentena e aguardavam-se os demais resultados analíticos. «Até ao momento [terça-feira] não temos conhecimento de mais casos», acrescenta Ana Isabel Viseu, adiantando que a ULS tem vindo a divulgar as normas de atuação em caso de deteção de pessoas infetadas. «Não é possível testar todas as pessoas, nem temos testes para o fazer. Só intervimos perante um caso confirmado, pelo que as IPSS devem ter ativos os respetivos planos de contingência e testá-los», afirma a médica, que reitera que a intervenção da ULS surge «consoante a situação». Em Trancoso, um carteiro foi testado positivo, o que também levou à despistagem da infeção em dezenas de pessoas e colegas de trabalho. A situação originou mesmo o encerramento dos Paços do Concelho para desinfeção e levou o autarca Amílcar Salvador a admitir a existência «de 5 ou 6 casos» no concelho.
Também os óbitos têm vindo a aumentar. A primeira vítima mortal foi um utente de 99 anos do Lar de Nª Sra. da Veiga, em Vila Nova de Foz Côa, que faleceu na sexta-feira. Na segunda-feira registaram-se mais duas mortes, duas senhoras de Seia e Gouveia, ambas com mais de 80 anos. A primeira estava internada em Coimbra e a segunda era utente do lar da Misericórdia e encontrava-se no Hospital Sousa Martins, na Guarda. Ainda nesse dia faleceu outra residente do lar de Foz Côa, um desfecho que se repetiu na terça-feira. Até agora, todas as mortes ocorreram em pessoas com mais de 80 anos. Mas também há boas notícias. Na sexta-feira os dois primeiros doentes internados no Sousa Martins, a 15 de março, tiveram alta após recuperarem da doença. Os homens eram oriundos do distrito de Viseu e regressaram a casa após um segundo teste ao coronavírus ter sido negativo.
O boletim da Direção-geral da saúde, divulgado hoje refere que há 9034 infetados em Portugal. Destes 1042 casos estão em internamento dos quais 240 em cuidados intensivos. Nas últimas 24 horas ocorreram 22 mortes e foram confirmados mais 783 casos de infeção por covid-19. Há já 209 mortos registados no total.
Há ainda 4958 pessoas suspeitas de infeção e 21798 em vigilância pelas autoridades de saúde. 68 pessoas estão recuperadas.
Ao todos há 1124 profissionais de saúde infetados, 206 dos quais são médicos, 282 enfermeiros e 636 outros profissionais.
A região Norte continua a ser a mais afetada pelo novo coronavírus com 5338 casos de infeção (107 óbitos). Seguem-se a região de Lisboa e Vale do Tejo, com 2207 casos confirmados (44 óbitos), o centro com 1161 (55 óbitos), Algarve com 164 (3 óbitos), Alentejo com 59 casos confirmados, 57 nos Açores e 48 na Madeira.