Apesar de esperar o aumento de casos de Covid-19 nesta altura do ano, Luís Ferreira diz que é necessário tomar medidas para controlar esse aumento, de forma a evitar pressão sobre os serviços.
«Temos de ter capacidade de resposta porque o Serviço Nacional de Saúde não é elástico. Se nós tivermos muitos casos de Covid, vamos ter de lhes dar resposta e não temos disponibilidade para aceder aos doentes não-Covid. Por isso o ideal é realmente controlarmos os doentes Covid para podermos dar uma resposta global», refere o pneumologista. Para conseguir esse controlo, o ex-coordenador da Comissão Coordenadora da Covid-19 da ULS chama a atenção para as já conhecidas medidas de proteção individual e de etiqueta respiratória, mas também para a importância da vacinação contra a gripe sazonal. «Acho que este ano, particularmente, é muito importante vacinar-mo-nos para a gripe, nomeadamente aquelas pessoas de risco», sublinha.«Se para algumas coisas já temos vacina e até temos tratamento, devemos utilizar para não criar suscetibilidades à infeção por Covid», alerta Luís Ferreira.
O INTERIOR questionou a ULS relativamente às medidas tomadas para dar resposta ao aumento de casos de Covid-19 na região, mas o Conselho de Administração disse apenas que «a reorganização dos serviços, o aumento da capacidade de internamento e alocação de recursos humanos à área Covid-19 serão adequados consoante as necessidades». Segundo a ULS há 20 ventiladores destinados apenas à Covid-19, onde se incluem portáteis e não portáteis. Quanto ao reforço de outros equipamentos, ou de recursos humanos, tudo será feito «conforme a necessidade de abertura de camas e reforço no serviço de Urgência Respiratória».
Questionado sobre o mesmo tema, Luís Ferreira recusou falar em nome da ULS, mas adiantou que, no que toca à Pneumologia – que lidera – há «muito mais equipamento do que [havia] numa fase inicial». Além disso, passada a fase inicial da pandemia, «já estamos mais familiarizados, já sabemos utilizar, já adaptamos os setores, já temos procedimentos protocolados, temos teleconsultas, que era uma coisa que antes da pandemia não fazíamos… Por isso muitos dos setores adaptaram a atividade seguindo as “guidelines” nacionais quer internacionais».
Apesar disso o especialista reivindica «mais áreas do serviço em pressão negativa, que não tenho». Diz serem importantes, pois «a pneumologia faz muitos procedimentos que geram aerossóis e que são potencialmente transmissores de Covid – embora nós façamos aos doentes, a muitos deles, antes dos procedimentos, testes de Covid, mas isso não protege a 100 por cento», explica o médico. Por outro lado, «há alguns setores que não estão a funcionar e que eu acho que são essenciais», como «a reabilitação respiratória que desde março interrompeu a atividade» devido à reorganização dos serviços do Hospital Sousa Martins.