A autarquia guardense já disponibilizou instalações para acolher os estudantes infetados após terem alta hospitalar, informou Carlos Chaves Monteiro. O edil participou na segunda-feira numa reunião com a presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) e com o presidente do IPG para decidir «um conjunto de medidas que, neste momento, são prementes de ser tomadas», disse. Carlos Chaves Monteiro destacou, nomeadamente, o conhecimento dos locais onde os estudantes infetados residem para, «uma vez que já estão em tratamento, e não apresentam cuidados de maior, estabelecer algum confinamento e medidas de quarentena para que continuem a ter uma vida condigna». Na terça-feira, após ter uma outra reunião, com Ana Isabel Viseu, Carlos Chaves Monteiro disse a O INTERIOR que pretende «disponibilizar as camas [do Hospital Sousa Martins] para outros pacientes, uma vez que os alunos internados estão bem do ponto de vista físico» e há possibilidade de surgirem novos casos de infeção.
Segundo o edil, a Câmara Municipal pretende, assim, fazer uso do edifício do Centro Apostólico D. João de Oliveira Matos, onde existem cerca de 80 camas, para acomodar estudantes que não possuam condições de cumprir o isolamento nos seus próprios domicílios. Esta “transferência” dos jovens infetados deve acontecer «nos próximos dias», segundo o responsável. Carlos Chaves Monteiro explicou ainda que, numa fazer inicial foi considerada a possibilidade de utilizar o edifício da Pousada da Juventude, mas o aumento do número de casos de infeção fez alterar a escolha para o Centro Apostólico. O IPG irá assegurar os almoços dos estudantes que fiquem alojados neste local. O edil guardense informou ainda que estabeleceu contactos com a PSP e Proteção Civil de forma a articular e reforçar a resposta destas autoridades perante o aumento de casos de covid-19 na Guarda.
Festa de aniversário que originou surto vai ser investigada pelo Ministério Público
O Ministério Público «instaurou inquérito visando a averiguação da prática dos crimes de propagação de doença contagiosa e instigação pública a um crime», na sequência dos vários casos de infeção por covid-19 que surgiram na Guarda, segundo informação publicada no site da Procuradoria-geral da República. Os casos positivos surgiram após uma festa de aniversário, organizada por jovens, alguns dos quais alunos do IPG, situação que será agora investigada «sob a direção do MP da Comarca da Guarda, coadjuvado pela D.I.C. da Polícia Judiciária da Guarda». O caso foi divulgado no domingo, altura em que o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) anunciou a decisão de suspender os exames presenciais nas suas instalações após oito estudantes terem sido internados no Hospital Sousa Martins com Covid-19.
O contágio terá tido origem fora das instalações do IPG numa festa de aniversário, realizada na casa de um aluno, na qual estiveram presentes vários jovens, alguns dos quais estudam no Politécnico guardense. «Apesar de não termos nenhuma evidência de qualquer contágio ocorrido dentro das instalações do IPG, o súbito aparecimento de estudantes que testaram positivo obriga-nos a mudar os planos feitos de acordo com as diretivas do Ministério do Ensino Superior, suspendendo os exames presenciais e passando-os a online», justificou Joaquim Brigas. O presidente do IPG foi informado da situação pela Unidade Local de Saúde (ULS) guardense, que, no sábado à noite, confirmou a
existência de estudantes infetados e adiantou que oito deles ficaram internados por «não terem nos respetivos alojamentos condições para estarem em isolamento durante o período de quarentena», revelou o IPG em comunicado enviado a O INTERIOR.
Ontem à tarde o número de casos positivos relacionados com este surto era de, pelo menos, 20 infetados. Dezasseis pessoas estavam em internamento, sendo uma delas uma criança de dois meses, filha de uma aluna do IPG que testou positivo. De acordo com Ana Isabel Viseu, Coordenadora da Unidade de Saúde Pública da ULS da Guarda, os números estão «em constante atualização» por continuarem a ser efetuados testes.