A Câmara de Gouveia está a reabilitar um edifício no centro histórico da cidade para acolher a Casa da Vivência Judaica, num investimento de cerca de 73 mil euros.
A empreitada decorre na emblemática Casa do Passadiço, situada no bairro da Biqueira, que funcionou, «por tempos imemoriais, como um local de passagem, comunicação e interação social entre os habitantes de dois dos mais icónicos bairros da cidade: o bairro do Castelo e o bairro da Biqueira», refere a autarquia em comunicado enviado a O INTERIOR. O objetivo dos trabalhos é permitir a instalação de um espaço museológico dedicado ao património judaico do concelho e da cidade serrana, que outrora acolheu uma das mais importantes comunidades judaicas da região. O projeto prevê a criação de três salas, «enriquecidas com marcas de simbologia judaica do concelho, relacionadas com três itinerários distintos»: um em Gouveia, dedicado à judiaria medieval; outro na freguesia de Melo, relacionado com o tema da inquisição; e outro em Folgosinho, sobre o tema do criptojudaísmo.
Entre os testemunhos a expor estão as inscrições hebraicas que atestam a construção, em Gouveia, da última sinagoga na Península Ibérica antes do édito de conversão obrigatória de D. Manuel, em 1496, a padieira de uma habitação e uma estela sepulcral com a Estrela de David, em relevo, anuncia o município. Existirá também uma área, denominada “Sala de fogo/ multimédia”, que «irá proporcionar uma experiência sensorial». Nesse espaço «será contada a história da morte de três cristãos-novos naturais de Gouveia, falsamente acusados da destruição de uma imagem sagrada», um episódio que «despoletou a construção da capela de Santa Cruz», erguida pelos frades franciscanos como forma de arrependimento por esse crime, adianta a autarquia gouveense.