Iniciamos um novo ano, uma nova década. O virar do ano traz sempre uma dose adicional de motivação, são mais 366 dias em branco, com tanto para concretizar, com tanto para viver, com tantas expectativas.
Mas e o que nos fica de 2019? E o que, com realismo, se pode esperar do ano de 2020?
Em Portugal, o ano de 2019 ficou marcado pela ascensão de novos partidos políticos como o Iniciativa Liberal, o Chega ou o Livre, não se podendo esquecer a ampliação da representatividade do PAN. As eleições legislativas deram voz a novas formações políticas que têm como característica comum a afirmação de uma mensagem disruptiva, mas que são entre si muito heterogéneos, uns com uma grande carga ideológica, enquanto que outros têm um discurso claramente motivado pela oportunidade do momento. O ano de 2019 tornou já evidentes que as fragilidades do Livre são bem mais profundas do que meras falhas de comunicação e espera-se que o ano de 2020 possa clarificar a utilidade destes novos partidos para a elevação da qualidade do funcionamento da Assembleia da República e por consequência da democracia.
Mas o ano de 2020 ficará indubitavelmente marcado pelo Orçamento de Estado cuja negociação está em curso. Com uma expectativa de superavit de 0,2% do PIB para o fecho das contas de 2019, o Governo apresenta uma proposta de Orçamento de Estado com uma carga fiscal de 35,1%, a mais pesada de sempre.
Onde ficou o discurso da libertação da austeridade? Em que ponto ficou esquecida a devolução de rendimentos? É que dar no rendimento para retirar em sede de imposto não é devolver.
O Governo que apresenta a maior carga fiscal é o mesmo que, no primeiro mandato, cativou, 2,6 mil milhões de euros depauperando os serviços públicos mais essenciais.
O Serviço Nacional de Saúde vive dias de total asfixia, marcados pela mais evidente escassez, que vai desde o material hospitalar mais básico à falta de recursos humanos e que originam os sucessivos encerramentos de serviços, nomeadamente de urgência. Já não são só as urgências pediátricas do Hospital Garcia de Orta, mas também as do Hospital do Litoral Alentejano, do Hospital de Torres Vedras, entre vários outros encerramentos. São também evidentes a sobrecarga e a falta de condições que motivam tantos profissionais a declarar a sua isenção de responsabilidade. E são também manifestas as carências no serviço de Oftalmologia, Cardiologia ou Ortopedia na ULS da Guarda, já para não falar noutros serviços.
Mas este cenário não é exclusivo da saúde. Também as forças de segurança, GNR, PSP, Guarda Prisional, entre outras, trabalham no limite da exaustão e da falta de condições. A insatisfação é geral na Justiça e não nos podemos esquecer da Educação, onde milhares de alunos foram para as férias do Natal sem ter iniciado várias disciplinas por falta de colocação de professores.
Este é o país do “Ronaldo das Finanças”, é este o país do superavit orçamental.
Que ninguém duvide da importância do equilíbrio das contas públicas, mas que ninguém se esqueça que o Governo, a Administração, servem, em última instância, para satisfazer as necessidades coletivas dos seus cidadãos e que este Governo, retirada toda a máquina de propaganda, não está a cumprir esse desiderato.
A nível mais pessoal, o ano de 2020 traz grandes expectativas. Pinhel cumprirá 250 anos de elevação a cidade e de criação de Diocese e ostentará o título de Cidade do Vinho.
Em homenagem à História do nosso Concelho, mas também como forma de reconhecimento a todos os que trabalham a terra e fazem de Pinhel uma referência nacional na quantidade e qualidade de vinho produzida, o município está pronto para fazer de 2020 um ano memorável.
À direção, jornalistas, colaboradores e leitores do jornal O INTERIOR desejo um ano novo com muita saúde e cheio de concretizações pessoais e profissionais.
* Vice-presidente da Câmara de Pinhel