Escrevo com regularidade neste jornal e, por isso, entendi que, desta vez, estando em curso a campanha para a eleição do secretário-geral do PS, seria meu dever, enquanto presidente da concelhia do PS da Guarda, dar conta da minha opção pessoal sobre o candidato ao qual darei o meu voto e apoio, o que, naturalmente, não vincula a concelhia nem os militantes. Trata-se, tão-só, de uma opção pela transparência e pela clareza na tomada de posição política numa disputa de enorme relevância não só para o PS, mas também para o país. E faço-o não só perante os militantes que irão escolher o futuro líder do PS, mas também perante os meus concidadãos, esses, sim, que irão a 10 de março de 2024 escolher os seus representantes no Parlamento e a maioria que suportará o futuro governo e o seu líder, o primeiro-ministro.
E começo por reconhecer que o atual momento da vida do PS é tempo de união entre os socialistas, um tempo em que é necessário cerrar fileiras, mas também de honrar o passado para construir melhor o futuro. A nossa responsabilidade, como socialistas, é hoje enorme e desafiante, pois o PS sempre foi e continuará a ser um partido central no sistema de partidos português, edificado após o 25 de Abril de 1974. Por isso, do futuro do PS dependerá também o futuro da democracia em Portugal, com o foi nesse conturbado período que se seguiu ao 25 de Abril.
Por estas razões, o processo eleitoral interno do PS, que decorrerá nos dias 15 e 16 de dezembro de 2023, reveste-se de enorme importância não só para o PS, mas também para o nosso país. Um processo que deve ser exemplar, plenamente democrático e transparente, onde cada um dos candidatos tem o dever de dizer não só como pensa liderar este grande partido, mas também o nosso país.
Os valores do PS são conhecidos dos portugueses. A sua colocação política é virtuosa, pois procura conciliar a liberdade com a igualdade e o público com o privado, não cedendo a extremismos, num sentido ou no outro, que possam comprometer a democracia. Mas também é verdade que, procurando exercer a política num equilíbrio virtuoso entre estes princípios, o PS, como partido de esquerda que é, tem de ser ousado nas políticas de desenvolvimento, de crescimento e de harmonia social, envolvendo nelas ativamente uma cidadania esclarecida e motivada.
Para isso, é necessário que os militantes do PS escolham o melhor candidato para o liderar neste novo ciclo político e social que se aproxima. É em nome destas exigências que considero Pedro Nuno Santos o candidato em melhor posição não só para liderar de forma dinâmica e mobilizadora o partido, mas também para conquistar os cidadãos para o projeto que o PS apresentará ao país. Trata-se de um político que sempre mostrou coragem, independência e dinamismo na sua intervenção política, mesmo que isso pudesse pôr em causa a sua pertença ao restrito núcleo dirigente do PS.
Estas suas características dão-nos pelo menos uma certeza: a de que a sua ação política, enquanto líder do PS e futuro primeiro-ministro, não será influenciável pelos grupos de interesse que sempre giram em torno do poder, mantendo-se firme na defesa do interesse público. De resto, a sua posição política e ideológica é muito clara, não criando barreiras a futuras alianças que se venham a mostrar indispensáveis para levar por diante o projeto do PS. Acresce que Pedro Nuno Santos já deu provas de que privilegia o fazer sobre o conformismo negocial, que privilegia a decisão sobre a indecisão e a paralisia do compromisso pelo compromisso, do compromisso como sobrevivência. Para este candidato, há um momento para a negociação e há um momento para a decisão. Não creio que Pedro Nuno Santos alguma vez possa vir a ser identificado com o velho transformismo: o que muda alguma coisa para que tudo fique na mesma.
Tenho a maior consideração pelos outros dois candidatos, mas a minha opção é muito clara, pois sinto que é necessário promover mesmo a mudança, quer no partido quer no país. Pedro Nuno Santos alia à sua combatividade, independência e autonomia de pensamento e de ação uma experiência já muito significativa adquirida ao longo dos anos em que teve responsabilidade governativas.
Esta é a imagem que tenho do meu camarada Pedro Nuno Santos. E, por isso, votarei nele e apoiá-lo-ei para secretário-geral do meu partido, mas também, claro, para candidato de uma maioria que há de conseguir voltar a formar governo. Mais uma vez, Portugal precisa da força política de um PS plural, convictamente democrático e socialmente justo.
* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda e
presidente da concelhia do PS Guarda