O Partido Socialista celebra este ano o seu 50º aniversário. Foi fundado em 19 de abril de 1973 por um grupo de socialistas portugueses que se reuniram na cidade alemã de Bad Münstereifel. Retomando uma tradição que já vinha do século XIX, protagonizada por Antero de Quental, José Fontana e Azedo Gneco, em 1875, o PS veio dar forma organizacional a uma tendência política que, em 1973, já era dominante na sociedade portuguesa: a que repudiava a ditadura e exigia uma democracia representativa. O que se viu no 25 de Abril confirma isso mesmo: a rejeição quase unânime do regime em vigor desde 1926/1933 (até 1974).
Com a instauração da democracia, o PS tornou-se um dos principais partidos políticos portugueses, tendo governado o país em vários momentos da nossa história. No 25 de Abril, o PS desempenhou um papel decisivo para evitar que a “Revolução dos Cravos” seguisse por uma inaceitável via radical, impeditiva da democracia representativa que hoje temos. Esse combate teve um rosto: o de Mário Soares, líder do PS. Um combate duro, e ganho, contra os radicais, mas que se orientou corajosamente pela inclusão política de todos os que se reviam na democracia representativa e nos seus valores, fossem eles de direita, de esquerda ou de centro. Um momento muito especial da nossa história que será sempre lembrado, juntamente com o rosto que o protagonizou, e do qual o PS sempre se orgulhará.
Mário Soares, um dos fundadores do partido e figura importante da luta contra a ditadura, foi o primeiro líder do PS, foi primeiro-ministro três vezes (I e II governos constitucionais, 1976-1978, e IX governo constitucional, 1983-1985) e duas vezes eleito Presidente da República (1986-1996). Também Jorge Sampaio viria a ser eleito, por duas vezes, Presidente da República (1996-2006). O PS, além dos três governos de Mário Soares, governou o país com António Guterres (1995-2002), José Sócrates (2005-2011) e António Costa (desde 2015 até hoje).
Todas as conquistas políticas progressistas e civilizacionais do nosso país conheceram o forte contributo do PS, que governou o país durante cerca de 26 anos, desde o 25 de Abril até ao dia de hoje.
Ao longo da história democrática do nosso país o PS protagonizou importantes políticas económicas e sociais, a adesão de Portugal à União Europeia, a aposta na gratuitidade da Educação e a criação do Serviço Nacional de Saúde, onde todos os cidadãos têm acesso aos serviços básicos de saúde, independentemente da sua condição socioeconómica, tornando-se um pilar central e insubstituível da nossa democracia.
Nesta data especial, o PS volta a reafirmar os princípios fundamentais da justiça social, da igualdade de oportunidades, da solidariedade, da liberdade e da democracia. A defesa do Estado Social, a promoção da educação e da cultura, a defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores e a proteção do meio ambiente são algumas das importantes bandeiras defendidas pelo Partido Socialista. Estes princípios e estas políticas não são apenas importantes para a afirmação da identidade política e doutrinária do PS, eles são sobretudo fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Por isso, os princípios da liberdade, da diversidade, da igualdade e da inclusão devem continuar a ser prioritários para que o PS possa representar com eficácia a diversidade da sociedade portuguesa e possa promover o ideal de uma sociedade plural, justa e solidária.
A luta pela democracia e pela justiça social deve ser permanente. Não podemos garantir a liberdade como um dado adquirido. É, por isso, necessário renovar em permanência os compromissos com a liberdade em todas as suas formas, com a justiça social, com a democracia e com o país e assumir sem tibiezas os complexos desafios que temos pela frente, num mundo em rápida mudança.
O futuro de Portugal depende do compromisso de todos nós com estes ideais, sem dúvida, mas para lhes dar corpo e para tornar eficaz este compromisso é necessário ter um PS forte e alinhado com os desafios do futuro, quer no plano dos seus grandes princípios quer nas suas próprias formas de organização interna e nas suas relações com a sociedade portuguesa.
Com os 50 anos de história e de experiência política do PS é caso para afirmar: venham mais 50, renovados com a mesma energia que tem revelado ao longo da história. O futuro constrói-se, sem dúvida, com os alicerces do passado, mas é a nobreza do seu passado a exigir a sua própria superação em direção ao futuro. Honrar o passado só é possível construindo um sólido futuro.
Parabéns ao Partido Socialista
* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda e líder da concelhia da Guarda do PS