Vê-se por todo o país que se aproximam as eleições autárquicas. Há obras e gruas por todos os lados, lançamento de concursos, estradas e ruas temporariamente fechadas, desvios do trânsito, anúncios de melhorias na vida dos munícipes, de diminuição de impostos, de investimentos. Estudam-se cronogramas e calcula-se o melhor momento para as inaugurações: nem tão cedo que se perca o efeito nas eleições, nem tão tarde que seja demasiado óbvio. Haverá autarquias em que a obra vai demorar tanto a concluir-se que irá ser inaugurada pelo próximo presidente. Entra aí a ciência do cronograma. Se puder acabar-se antes das eleições, que se avance; em caso contrário, lance-se apenas o anúncio da obra.
O estaleiro da Guarda começa bem. Temos finalmente acesso ao pagamento do estacionamento de rua por intermédio de uma aplicação. O problema do estacionamento não fica resolvido, que continua a faltar um parque subterrâneo no centro da cidade, mas ao menos não é preciso andar a mendigar trocos ou a sair do trabalho de duas em duas horas. Era muito simples e podia ter sido feito há muito tempo, é verdade, mas só agora se concretizou: parabéns ao Sérgio Costa. A alameda da Ti’Jaquina está prometida há décadas mas só agora entrámos na fase das expropriações. Há finalmente um projecto e não falta muito para que se concretize na cidade uma das obras mais necessárias e desejadas. Mais uma vez, parabéns ao Sérgio Costa!
Havia outras promessas, muitas, tantas que boa parte do eleitorado já as esqueceu. A oposição terá agora que fazer o elenco dessas promessas perdidas e avançar com a sua própria lista. Talvez alguém se lembre outra vez do Hotel de Turismo, ou do acesso por estrada ao Maciço Central, ou de prometer cumprir as promessas em que o Sérgio Costa falhou.
Primeiro, tem de haver candidatos. No PSD e no PS ainda se está na fase dos candidatos putativos, ou nem isso. Os nomes aparecem e desaparecem, mas nenhum consegue, como se diz, tração. Álvaro Amaro? António Monteirinho? Carlos Chaves Monteiro? João Prata? Ana Mendes Godinho? Outro ou outra?
Depois, seria interessante haver ideias. O concelho mudou nestes últimos quatro anos. Começa, também aqui, a haver um problema de habitação. As imobiliárias estão em dificuldades por falta de oferta de casas para arrendar ou vender. As rendas sobem e o preço das casas também, mas não os salários. Vão acabar as portagens na A25 e na A23, mas o IMI não baixa, como não baixa o preço da água canalizada. Os nossos jovens continuam a sair daqui para a universidade e a ficar a trabalhar em Lisboa ou no Porto.
Por enquanto temos apenas o Sérgio Costa e o seu plano de inaugurações. Falta menos de um ano para as eleições e não há ainda alternativas ou ideias. Como se sabe, as eleições, sobretudo autárquicas, não se ganham, perdem-se. O incumbente parte sempre com vantagem e planeou há muito tempo a sua pré-campanha. Os outros que se cuidem, ou nem sequer passarão da fase dos tabus.
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“Havia outras promessas, muitas, tantas que boa parte do eleitorado já as esqueceu. A oposição terá agora que fazer o elenco dessas promessas perdidas e avançar com a sua própria lista.”