Em 2022, grande parte da área do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) foi fustigada pelas chamas, deixando um rasto de cinzas e de esquecimento.
Nessa ocasião, para além dos danos, a região foi contemplada com uma série de discursos e palavras complacentes, promessas vãs e intentos gorados, proferidos por diferentes membros do governo socialista. Chegou mesmo a prometer-se «deixar este parque natural melhor do que estava, mais capaz de ser um parque natural que atrai pessoas, que atrai visitantes, que atrai economia» (ex-ministra da Presidência).
Desde esse acontecimento, em 2022, só em Março de 2024, foi aprovado, pela Resolução do Conselho de Ministros de então, o Plano de Revitalização do PNSE. Para bom entendedor, creio ser relevante estabelecer comparativo com a celeridade de resposta do actual Governo no que concerne a similar acontecimento este ano.
Acontece que o referido Plano de Revitalização, sem amparo de rubrica própria no OE2024 do governo socialista, apenas representando uma súmula de actividades/intenções e obras para a região das Beiras e Serra da Estrela e áreas afectadas, foi alvo de inúmeras críticas. Desde logo, pela falta de envolvimento e diálogo com as associações e a sociedade civil, falta de transparência na definição concreta das acções prioritárias e dos prazos de implementação, demora na aplicação das medidas no terreno e por se afigurar num conjunto de intenções consubstanciadas em grandes obras e infraestruturas, acções de marketing e comunicação.
Tratando-se de uma área que é Parque Natural e Geoparque da UNESCO, há, no entanto, uma crítica associada ao facto do documento não priorizar a necessária sustentação e regeneração inteligente de um ecossistema natural. Ou seja, com este Plano de Revitalização, a reflorestação do PNSE não se assume uma acção prioritária.
Em primeiro lugar, registo que as críticas foram, ao longo destes últimos dois anos, proferidas por diferentes entidades e até mesmo por alguns autarcas. Não será necessário encontrar respaldo em grandes estudos científicos quando se sabe, de antemão, que a regeneração natural, em determinadas áreas, é insuficiente.
Felizmente existe uma iniciativa do actual Governo – o Plano de Intervenção para a Floresta (previsto no OE2025) – que sobressai logo pela particularidade de ser um pacto interministerial, que envolve os Ministérios da Agricultura, do Ambiente, da Justiça e da Coesão Territorial. Olhar para esta área de uma forma integrada e perceber que, por exemplo, através de um Programa Nacional de Restauro da Natureza, vai obrigar a plantar milhões de árvores é encontrar alguma esperança para aquilo que deveria ter sido priorizado no momento certo.
Entretanto, é sabido de um estratagema político de crítica ao “corte” da dotação na proposta de lei do Orçamento de Estado para 2025. Tal não só se trata de uma prática errante, como de uma tentativa de ludibriar os portugueses e, mais ainda, a população da nossa região.
O interior, como todo o país, merece verdade e lealdade.
* Deputada do PSD na Assembleia da República eleita pelo círculo eleitoral da Guarda
** Escreve ao abrigo do anterior AO