Como habitualmente, publicamos neste início de ano artigos de opinião de personalidades que convidamos a refletir sobre a região. É um exercício da maior relevância para o coletivo: dar voz a diferentes pessoas e essencialmente contribuir para o debate público, sério e plural, em relação às mais diversas formas de perceber o contexto em que vivemos – são reflexões que vão muito para além da verborreia e comentário rápido nas caixas das redes sociais em que todos mergulhámos. Mais uma vez, são opiniões de pessoas que evidenciam a sua disponibilidade, que agradecemos, a sua eloquência e a sua capacidade de refletir e intervir na comunidade – é um trabalho que me merece o maior aplauso público quando o debate público está quase reduzido à espuma do tempo e à mediocridade, ao “aparecer” mesmo quando não se sabe nada.
Como aqui publicámos na passada edição (de 31 de dezembro) as associações de imprensa enviaram uma carta ao secretário de Estado do Cinema Audiovisual e Media (com o pelouro da imprensa no Governo) sobre as dificuldades que a imprensa nacional atravessa.
O Presidente da República tem sido um importante aliado na divulgação das dificuldades e na promoção da necessidade de haver políticas de apoio a um setor que é vital para a Democracia. Na prática, o que os jornais pedem são medidas razoáveis de discriminação positiva, de apoio à leitura (como mais de uma vez aqui exemplifiquei, são muitas as escolas, as instituições públicas e nomeadamente bibliotecas, a pedirem-nos a oferta do jornal – é ridículo que seja o editor a suportar os custos altíssimos dos correios, além da produção, papel e conteúdos, sem nada receber em troca), de promoção da cultura ou de apoio similar ao que é feito a muitas outras atividades de interesse público.
Os jornais reivindicam medidas que contribuam para a melhor produção de conteúdos informativos e para o desenvolvimento da literacia e da cultura. Fizeram propostas concretas junto do poder central, como a dedução em IRS do pagamento de assinaturas ou a compra de jornais ou o cumprimento da obrigatoriedade da publicação da publicidade institucional. Na imprensa regional pedimos igualdade de condições. E pedimos que as autarquias locais e as instituições locais e regionais tenham a mesma perspetiva. Isto é, que as Câmara Municipais adquiram publicidade e invistam na promoção das suas atividades e eventos na imprensa regional; que comprem assinaturas para os respetivos serviços, mas também que ofereçam às escolas dos respetivos concelhos jornais para melhor informação dos funcionários e essencialmente para promover a formação e os hábitos de leitura das crianças – porque ler jornais é saber mais. O resto fazemos nós. Acompanhar informativamente, de acordo com o nosso critério editorial e as nossas capacidades e meios, e divulgar o que de mais relevante se faz na região. Mais importante do que investir na produção de boletins, “páginas” e sites municipais que são propaganda, a comunidade precisa de aprofundar a pluralidade, a democracia e a intervenção cívica.
Neste contexto, em 2020, o jornal O INTERIOR vai procurar mais e melhores dinâmicas comunicacionais no papel e online (onde lidera com diferença no distrito da Guarda). Iremos manter a maioria dos atuais colunistas e reforçar a Opinião com a colaboração mensal de Elsa Salzedas, professora e membro da Associação de Amigos do Museu da Guarda, e da Joana Correia Saraiva, arquiteta em Pinhel e artista plástica. Mais, vamos iniciar na próxima semana uma rúbrica mensal que nos parece do maior interesse público: “ABC Médico”, com a colaboração de 12 jovens médicos internos e dos respetivos tutores (da USF Ribeirinha), sobre boas práticas na saúde, sobre assuntos básicos e esclarecimento de dúvidas que tantas vezes existem na população. É este o trabalho de um jornal. É esta a função de um jornal. É este trabalho de formação, educação cívica e literacia que fazemos e para os quais temos de reivindicar a melhor colaboração financeira também das instituições, comprando a assinatura do jornal, comprando o jornal, comprando a publicidade nos jornais de proximidade.