Vou à Beira Interior sempre que preciso de genuinidade e transparência. Vivo em Lisboa, cidade de mil máscaras e de muitos mais atores, sempre viva, sempre em cena, à procura – por entre indiferença, logro e fracasso garantidos – do raro sucesso e da, ainda mais escassa, felicidade.
A naturalidade da Beira Interior prova-se em cada paisagem, nas suas culturas e, entre tantos produtos de excelência, nos seus inigualáveis vinhos produzidos de uvas de variedades únicas que bebem água mais pura, comem da riqueza mineral de solos de granito e xisto e respiram a altitude como mais nenhum em Portugal.
Presido, há cerca de 10 anos, ao Concurso Anual de Vinhos da Beira Interior e devo essa honraria à confiança que em mim vêm depositando sucessivos dirigentes da Comissão Vitivinícola Regional, a quem agradeço. Muitos são os desafios futuros para a fileira da vinha e do vinho da região, tantos quantos os êxitos e sucessos alcançados nesta última década. A qualidade irregular de poucos deu lugar à aclamação regular de muitos, multiplicou a curiosidade e o investimento de enólogos e produtores de outras paragens. Está montado o cenário para uma nova história rica de atores e de enredos líquidos cativantes, ao gosto dos mais reputados críticos e dos mais exigentes consumidores.
A recente edição do Concurso, como uma espécie de “trailer”, vem aguçar o apetite por este novo episódio dos vinhos da Beira Interior ao dispersar os melhores prémios por vários produtores, incluindo Cooperativas e Privados, grandes e pequenos, recentes e antigos, nesta coprodução candidata ao sucesso e à felicidade, julgada pelos mais exigentes jurados nacionais.
Vou à Beira Interior e, com um copo de vinho local, queijo, morcela, fruta e pão, cada vez tenho mais vontade de lá ficar.
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