De acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial do Turismo (OMT), os destinos receberam menos 900 milhões de turistas internacionais entre janeiro e outubro, contra o mesmo período de 2019. Isso significa uma redução de 935.000 milhões de USA dólares em receitas de exportação do turismo internacional, o que representa uma perda dez vezes superior à ocorrida em 2009 em consequência da crise económica mundial.
Esta realidade, resultante dos efeitos globais da pandemia da Covid-19, coloca fortes desafios ao setor do turismo de modo a poderem se encontradas soluções e estratégias inovadoras para ajudar a sua recuperação e serem definidos caminhos para o seu futuro.
Estamos numa fase marcada por uma crise sanitária, cujas maiores incidências para o turismo se situam na profunda redução da mobilidade, por via das políticas implementadas e controlos sanitários, na falta de confiança de viajar e aceder a serviços turísticos, na incapacidade do setor promover respostas imediatas e na profunda redução das atividades ligadas ao turismo e lazer.
Exigem-se recursos, ferramentas e conhecimentos, com o objetivo de ajudar a que se fortaleça digitalmente e responda de maneira flexível às necessidades dos turistas, aumentado a sua confiança e motivando para uma experiência turística segura e simultaneamente confortável (pese embora o acréscimo de cuidados e meios de prevenção).
A dependência nacional do setor é conhecida e as suas incidências na economia são críticas, em especial nas regiões litorais e destinos urbanos. Os territórios interiores têm verificado dinâmicas diferenciadas face aos produtos que oferecem e à perceção desenvolvida como destinos de maior segurança, menos massificados e de práticas ao ar livre.
O acréscimo da procura interna é apreciável nos destinos interiores e fomentadora de novos posicionamentos que terão que obter reconhecimento político e ação empresarial. Cabe-nos exigir, na continuidade e reconhecimento do papel do turismo no desenvolvimento regional e coesão territorial, que os custos de circulação para o interior desapareçam, que se estimulem as ofertas diferenciadas potenciando novos serviços, se reconheça a função dos espaços naturais e o investimento na sua preservação (enquanto ativos ecológicos e socioeconómicos), se fomentem os investimentos nas tecnologias de informação e se difunda a autenticidade, a riqueza cultural e os valores naturais presentes em ações especificas e concretas. Há que trabalhar em rede fortalecendo-nos e cooperando na construção de destinos diferenciados, dotados de capacitações tecnológicas e afirmando os seus ativos ecoculturais.
Gonçalo Poeta Fernandes
Professor do Instituto Politécnico da Guarda (IPG)