Educar: o futuro nas nossas mãos. Um olhar otimista sobre o futuro imediato da Guarda

Escrito por José Carvalho

Refletindo sobre o futuro imediato da Guarda, o otimismo deve imperar num cenário onde a Educação assume uma dimensão crucial. Recentemente reconhecida pela excelência do seu serviço à comunidade, a educação, o seu futuro e o seu contributo para o desenvolvimento da Guarda estão nas nossas mãos. Façamos acontecer.
Esse futuro passa pelo combate à desertificação, pela fixação de pessoas e acolhimento de migrantes, com a Educação a constituir um pilar de atratividade e qualidade de vida. Reconhecida pelos que cá residem, importa afirmar para o exterior uma qualidade de vida que se carateriza pelo ambiente calmo, seguro e de tempo em família.
Nas nossas mãos reside a oportunidade de concretizar a Escola a Tempo Inteiro (ETI). A ETI, como visão diferenciadora do serviço educativo, e não como obrigação legal, respondendo às necessidades das famílias e reduzindo o peso da educação no orçamento do agregado familiar, com horários de funcionamento dos estabelecimentos escolares entre as 7h30 e as 20 horas e um período letivo diário de cinco horas. Além do período letivo, a escola deve garantir a componente de apoio à família (CAF), as atividades de enriquecimento curricular (AEC), refeições escolares e outras atividades de desenvolvimento e complemento curricular durante o período letivo, interrupções letivas e férias escolares.
A visão aqui partilhada exclui o transporte diário, desnecessário, de crianças entre edifícios e instituições. Numa perspetiva estruturada e sistémica, para garantir os serviços complementares à educação, as instituições parceiras podem deslocar-se à escola para aí prestarem serviços. Esta visão requer investimento na melhoria das condições dos edifícios escolares existentes, adaptando-os às necessidades do século XXI e a construção, de raiz, de dois novos centros escolares garantindo, desta forma, comodidade de excelência para todos os alunos.
Nas nossas mãos está igualmente a oportunidade de oferecer aos alunos a adoção de um percurso formativo próprio, diversificado e diferenciador, capaz de proporcionar o desenvolvimento das competências apontadas como requisito para o século XXI. A par da recente gratuitidade dos passes escolares, complemento à já existente gratuitidade dos manuais escolares, a dimensão da Guarda permite pensar na pioneira gratuitidade das refeições escolares, para todos os alunos, numa verdadeira igualdade nas condições de acesso à Educação e garantia desta como elevador social.
Nesta ocasião, para refletir sobre o futuro imediato da Guarda, quero partilhar uma oportunidade que pode ser explorada pelos decisores políticos do nosso território. A Guarda beneficia de uma centralidade ibérica única entre três aeroportos: Porto, Lisboa e Madrid. Esta condição geográfica, exclusiva da Guarda, deve ser encarada como mais um benefício de habitar o nosso território. A ligação diária ao Porto, Lisboa e Madrid deve permitir a participação em atividades à primeira hora da manhã e/ou embarcar nos primeiros voos da manhã. Uma ligação a estas cidades com chegada ao final da manhã é ineficaz, obrigando os guardenses a despesas acrescidas de transporte em meio próprio ou a aquisição de alojamento para pernoitar. Uma articulação entre municípios pode facilitar ligações diárias, como Aveiro-Viseu-Guarda-Salamanca-Madrid ou Castelo Branco-Covilhã-Guarda-Viseu-Porto, essenciais às populações destes territórios. Viver na Guarda deve representar uma acessibilidade única, singular e ímpar… no fundo, uma oportunidade.

* Diretor do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque

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José Carvalho

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