Um dos eventos mais cativantes na história da astronomia é, inegavelmente, o eclipse. Na última segunda-feira tivemos a oportunidade, em Portugal, de testemunhar, ainda que de forma indireta, um fenómeno raro – um eclipse solar total.
No seu movimento em volta do Sol, a Terra gira sobre si própria, em torno de um eixo imaginário sempre inclinado relativamente ao plano da órbita terrestre. Juntamente com este movimento, a Terra executa um movimento de translação em torno da Terra que sugere o movimento aparente do Sol relativamente às estrelas, o que costuma representar-se por uma linha imaginária que se designa por elíptica, assim referida por representar o “lugar dos eclipses”. Esta linha, que coincide com o plano da órbita terrestre, constitui a referência de todas as órbitas de planetas e seus satélites.
A interpretação dos eclipses é bastante simples. A luz solar ilumina metade do globo terrestre. Do lado oposto, que corresponde ao hemisfério não iluminado, forma-se um cone de sombra e um cone de penumbra. De um modo semelhante se interpreta a formação da sombra e da penumbra da Lua. O eclipse do Sol ocorre quando a Lua se encontra na fase de Lua Nova e a sombra desta (ou até apenas a penumbra) atinge a Terra. Nestas condições, o Sol deixa de ser total ou parcialmente visto em regiões restritas da superfície terrestre.
Embora ocorram praticamente com a mesma frequência que os eclipses da Lua, os do Sol são observados, num mesmo lugar, com periodicidade muito menor dado que cada um destes eclipses só é visível, como foi referido, a partir de zonas muito restritas da superfície terrestre. Isso deve-se, como é evidente, ao diâmetro aparente da Lua e à relativa proximidade que se encontra de nós. Por isso, o cone de sombra que a Lua projeta no espaço, se atingir a Terra, produz a ocultação do Sol apenas numa estreita faixa da superfície terrestre. Portanto, observando-se um eclipse do Sol numa determinada região, é relativamente pequena a possibilidade de se voltar a observar outro a curto prazo na mesma região.
Os eclipses do Sol apresentam algumas diferenças interessantes quando comparados com os eclipses da Lua. Embora existam eclipses parciais e totais dos dois astros, o Sol oferece ainda, ocasionalmente, um aspeto bastante curioso a que se dá o nome de eclipse anular, pois deixa ver apenas, por instantes, um anel (ou ânulo) brilhante.
Tal facto resulta da excentricidade da órbita lunar, o que faz com que a Lua orbite a Terra a uma distância variável. Por isso, o seu diâmetro aparente apresenta alguma variação podendo exceder o do Sol ou ser inferior. Neste último caso, a Lua passa em pontos da sua órbita suficientemente afastados da Terra para que o seu diâmetro angular seja inferior ao do Sol e observar-se-á um eclipse anular do Sol. E quando poderemos assistir a um eclipse solar em Portugal?
A 12 de agosto de 2026! Nesse dia, um eclipse total será visível na Europa. O melhor local para observá-lo será no norte de Espanha, e em Portugal, a obscuridade poderá ultrapassar 90%.
Eclipse solar
“Os eclipses do Sol apresentam algumas diferenças interessantes quando comparados com os eclipses da Lua. Embora existam eclipses parciais e totais dos dois astros, o Sol oferece ainda, ocasionalmente, um aspeto bastante curioso a que se dá o nome de eclipse anular, pois deixa ver apenas, por instantes, um anel (ou ânulo) brilhante.”