Desmistificar a Anestesia

Escrito por Ana Moreto

Quando o assunto é anestesia, são muitas as questões e os receios que importam desmistificar.

A anestesia, que significa “perda de sensação”, é utilizada em inúmeros procedimentos médicos e cirúrgicos e pode variar entre: anestesia geral, regional ou combinada.

Na anestesia geral são administrados fármacos intravenosos ou inalatórios, que levam à perda de consciência. Na anestesia regional apenas uma parte do corpo fica anestesiada. É obtida através da injeção de anestésicos locais associados ou não a outros fármacos ao nível do neuroeixo (coluna), ou perto de nervos periféricos. Na anestesia combinada associa-se a anestesia geral a uma técnica regional.

A anestesia permite que a cirurgia seja realizada com conforto e segurança, minimizando a resposta de stress que nosso corpo tem durante a intervenção.

Uma das áreas para as quais o anestesiologista é cada vez mais requisitado é para a sedação em exames complementares e procedimentos terapêuticos. São exemplos a colonoscopia (exame ao intestino), endoscopia digestiva alta (exame ao estômago), broncoscopia, ressonância magnética, entre outros. A execução destes procedimentos sob sedação aumenta o conforto e segurança do doente.

Uma preocupação frequente dos doentes, que importa desmistificar, é se vão acordar durante a anestesia geral. Felizmente esta é uma complicação muito rara, existindo várias formas de vigiar a profundidade anestésica, garantindo que o doente só acorda no fim da cirurgia.

Outra questão passa por “deve-se vomitar a anestesia?”. A anestesia não se vomita, os medicamentos são dados na veia. As náuseas e vómitos são frequentes ao longo do processo operatório por vários motivos (tipo de cirurgia, medicação…). Contudo, há várias estratégias eficazes para prevenir e tratar estes sintomas.

Outra dúvida que se deve clarificar relativamente ao papel do anestesiologista é que este não se cinge apenas ao momento da anestesia. Antes do procedimento, existe uma consulta pré-anestésica onde o doente é avaliado quanto ao seu historial clínico, medicação crónica, capacidade funcional e é feito um exame físico. O anestesiologista consulta os exames complementares existentes e requisita outros se indicado. Por isso, sempre que for a uma consulta de anestesiologia deve levar a sua medicação habitual e os exames médicos mais recentes. São dadas as orientações pré-operatórias, como, por exemplo, quais os fármacos a manter e os que devem ser suspensos, assim como o tempo de jejum indicado.

Analisando todos os dados recolhidos é delineado um plano anestésico que aborda o tipo de anestesia e o nível de cuidados no pós-operatório. Este plano é partilhado com o doente de forma a que sejam esclarecidas as dúvidas e receios que possam existir.

Após o procedimento, o anestesiologista é também responsável pelo recobro imediato, onde o doente acaba de acordar da cirurgia. Nesta fase, o foco será o controlo da dor, manter o doente aquecido, identificar e tratar alguma necessidade pós-operatória imediata. Assim, o anestesiologista está sempre presente para garantir toda a segurança e conforto do doente.

* Anestesiologista no Hospital CUF Viseu

Sobre o autor

Ana Moreto

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