Conheça os sinais de alarme no recém-nascido

Escrito por Susana Nobre

“De um modo geral, o bebé deve ser observado pelo pediatra sempre que houver a noção de que está diferente do seu estado habitual ou quando algo suscitar preocupação ou dúvida aos pais.”

A chegada de um novo elemento à família é um momento de grande felicidade, mas também de alguma ansiedade em torno dos cuidados ao recém-nascido. Nesta fase, muitas vezes, os pais receiam não reconhecer, ou até mesmo desvalorizar, sinais ou sintomas que podem evidenciar algum problema com o seu filho. Estes sinais podem ser inespecíficos ou muito subtis, podendo passar despercebidos, sobretudo por pais de primeira viagem, isto é, que tiveram o seu primeiro filho e para quem é tudo novo.
É normal que se sintam inseguros, mas é importante saber que a formação pré-natal em puericultura é fundamental e ajuda a minimizar esta insegurança e ansiedade que se instala com o nascimento do bebé.
Alguns sinais podem indicar uma situação de doença, mais ou menos grave, ou que, apesar de benignos, exigem observação por um Pediatra. É importante que os pais estejam atentos aos seguintes sinais de alerta:
Pele
• Azulada (cianose) ao redor ou no interior da boca e língua ou nas mãos e pés;
• Pálida ou acinzentada;
• Marmoreada;
• Amarelada (icterícia);
• Com manchas ou borbulhas.
Coto umbilical
• Saída de pus, sangue ou secreções, cheiro fétido ou sinais inflamatórios da pele em redor.
Temperatura
• Febre (temperatura axilar >38°C) – exige observação médica urgente;
• Hipotermia (temperatura <35°C).
Vómitos
• A regurgitação (“bolsar”) é normal em muitos bebés, mas vómitos (expulsão violenta ou com esforço do conteúdo gástrico) repetidos são um sinal de alerta.
Alimentação
• Dificuldade ou recusa em mamar, sucção fraca, cansaço ou transpiração durante a mamada, engasgamento ou vómitos.
Micções
• Trocar menos de 4-5 fraldas molhadas com urina por dia.
Dejeções
• Obstipação (“prisão de ventre”);
• Diarreia;
• Fezes com sangue ou muco;
• Fezes muito claras (brancas, acinzentadas).
Respiração
• Sinais de dificuldade respiratória: respiração acelerada (>60 ciclos/min), apneias (pausas sem respirar >20 seg), gemido persistente, respiração ruidosa, tosse persistente, pieira, adejo nasal e retração costal.
Alteração do comportamento
• Grande irritabilidade, choro inconsolável e persistente;
• Sonolência excessiva, não acordar para comer, choro débil, menos movimentos que o habitual, perda do tónus muscular.
Movimentos anormais
• Convulsões (movimentos ou tremores involuntários do corpo, acompanhados de perda de conhecimento ou olhar “perdido”) – observação urgente.

De um modo geral, o bebé deve ser observado pelo pediatra sempre que houver a noção de que está diferente do seu estado habitual ou quando algo suscitar preocupação ou dúvida aos pais. Estabelecer uma relação de confiança com o Pediatra, mesmo ainda antes do bebé nascer, permite antecipar os problemas e adquirir competências no cuidado do recém-nascido, e que vai contribuir para uma vivência mais plena e segura da parentalidade.

* Pediatra no Hospital CUF Viseu e Hospital CUF Coimbra

N.R.: Esta secção é uma colaboração mensal
do Hospital CUF Viseu, na qual os seus
profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.

Sobre o autor

Susana Nobre

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1 comentário

  • Cientificamente o artigo está bem. Permitam-me que faça uma corretar ortográfica:
    Bolsar é fazer um bolso. No caso de regurgitação o termo correto é bolçar.
    Cumprimentos