Num momento em que comemoramos os 821 anos da atribuição do Foral à cidade da Guarda, e em que somos obrigados a conviver com a maior crise sanitária da nossa vida, cujas consequências económicas e sociais são ainda imprevisíveis, importa recordar a relevância da Comunicação Social no desenvolvimento cultural e social da comunidade.
Num tempo em que o “mundo é digital” e as redes sociais ocupam o espectro comunicacional, com tudo o que isso implica, de positivo ou negativo, em que as “fake news” e a aldrabice ganham forma e têm suporte, a imprensa é o garante e último reduto da liberdade de expressão, e é o crivo da credibilidade e rigor, da separação entre o que é verdade e o que é mentira. Neste tempo, a Comunicação Social é ainda mais importante para informar e esclarecer o cidadão; neste tempo, em que as notícias correm e todos necessitam de saber o que está a ocorrer no mundo ou ao nosso lado, a seriedade e profissionalismo são ainda mais relevantes; neste tempo, em que o Covid domina as conversas e todos os dias há novas regras e contextos diferentes para combater o vírus ou simplesmente para sairmos à rua, os órgãos de comunicação social são os guias que melhor servem as pessoas. Mas somos também vítimas das debilidades e fragilidades de contexto.
A enorme crise sanitária que vivemos implica um aumento de dificuldades na sobrevivência da própria imprensa regional – a generalidade dos jornais nunca parou, nem pela pandemia nem pelas dificuldades financeiras. Gratos, contamos com os nossos leitores e colaboradores, com os nossos assinantes e clientes, com quem sabe que sem imprensa regional livre perderíamos o espaço de escrutínio dos poderes, que não teríamos informação regional, que perderíamos espaço de debate local, que não haveria pluralidade e reserva de memória da nossa história como comunidade.
O Estado português, em maio, e no seguimento de outras medidas de apoio à economia, anunciou o apoio de 15 milhões à Comunicação Social através da antecipação da compra de “publicidade institucional” – que faz regularmente, em especial em órgãos nacionais, como campanhas de vacinação ou segurança rodoviária, por exemplo. A fatia de leão coube às televisões, seguidas da imprensa nacional. Para a imprensa regional foi destinado um quarto do valor a distribuir por cerca de 500 jornais e rádios locais. Desde a publicação da resolução, a 19 de maio, passou meio ano e, não duvidando da melhor gestão ministerial, não recebemos, todavia, qualquer apoio.
Entretanto, registar com enorme satisfação que o Jornal O INTERIOR é um dos órgãos de comunicação social (poucos) que a nível nacional foi incluído no Journalism Emergency Relief Fund da Google e que esse fundo de dimensão mundial já está a ser canalizado para as empresas de comunicação contribuindo para a sua sustentabilidade – a Google sabe da importância dos media como produtores de conteúdos e sabe que por detrás do seu sucesso mundial estão também os meios locais e regionais. Num momento em que vai regressar um dos mais importantes e emblemáticos títulos da imprensa portuguesa, o “Diário de Notícias”, no seu suporte em papel, corrigindo um erro de planificação que foi a migração apenas para o digital daquele matutino centenário, os jornais em papel continuam a ser essenciais na vida das pessoas e no desenvolvimento da sociedade.