Em residência artística na passado dia 22 estiveram Pedro Figueiredo, Rui Miragaia, Pedro Amaral, Sofia Gralha, Sara Teixeira, Sidney Cerqueira e Sérgio Lemos. Os artistas plásticos têm como inspiração o ciclo de festivais de cultura popular que a autarquia realiza anualmente.
A cada um cabe criar uma peça alusiva a um desses eventos, refere Pedro Figueiredo, que está a construir uma peça em gesso inspirada na Feira Concurso do Jarmelo. Trata-se de uma vaca com elementos caraterísticos, como a coleira tradicional do Jarmelo, mas o escultor quis «fugir ao conceito da vaca tradicional», acrescenta. A ideia principal da obra é a de «uma rainha sentada no trono», com o artista a chamar a atenção para a particularidade de ser uma «figura desmontável» e de usar madeira de pinho, que «torna a peça mais contemporânea». «A ideia é ser a vaca do Jarmelo dos dias de hoje», justifica Pedro Figueiredo. Já Sofia Gralha vai criar várias peças a propósito do festival “Pão Nosso”, de Videmonte. São trabalhos em barro artesanal sobre «o ciclo do pão de antigamente», afirma a ceramista, que foi perceber «como se fazia o pão, desde semear o centeio, passando pela ceifa, o crivo, o moer da farinha, até à massa e depois à cozedura» junto de «pessoas mais antigas que conhecem o processo».
A artista explora texturas através das taças que remetem para a ideia de armazenamento, «como a do centeio, que se fazia nas arcas de madeira para durar o ano inteiro». A investigação que fez foi importante: «Apenas conhecendo o pão como conhecemos agora não é possível perceber toda a dinâmica que havia antes, e o esforço que era colocado neste processo. O tempo que levava para fazer a ceifa e a malha, que era manual, eram muitos dias, como se fosse um festival das ceifas», sublinha a ceramista.
Tesoura de tosquia de 3 metros
O escultor Rui Miragaia, que trabalha maioritariamente em ferro, aceitou este desafio por achar «muito bom do ponto de vista das raízes da cultura da região e também como sendo uma maneira de motivar e ajudar os artistas da região». O seu tema é a lã e está relacionado com as “Jornadas da Lã”, de Corujeira e Trinta. «Foi tão fácil de perceber que vou fazer uma homenagem ao meu pai [Mateus Miragaia] de alguma maneira», desvenda. A obra vai ter cerca de três metros de altura e é feita em chapa de corten (aço).
Rui Miragaia afirma ainda estar a «tentar chegar a um ponto de perfeição» em relação ao tempo de que dispõe para a execução da peça, que gostava muito de terminar antecipadamente.
A Festa da Castanha e da Jeropiga, de Famalicão da Serra, coube a Sidney Cerqueira, para quem esta “Terra d’Artes” «assentou que nem uma luva, tendo em conta a pandemia». O pintor admite que está «a ser muito difícil, mas vir para aqui está a ser maravilhoso». O artista não conhecia o tema, contudo investigou através de fotografias e vídeos e foi buscar inspiração para a pintura que está a realizar em acrílico sobre tela.
A iniciativa integrada no evento de animação de Verão “Isto (não) é um festival’, promovido pela Câmara da Guarda, conta ainda com Sara Teixeira, que vai ilustrar o tema “Viagem às Raízes”, da Arrifana; Sérgio Lemos, cujo trabalho de escultura e ilustração inspira-se na Festa da Transumância, de Fernão Joanes. Por último, Pedro Amaral está a trabalhar sobre o Festival da Cestaria, de Gonçalo.
As obras produzidas vão ser expostas no Museu da Guarda a partir desta quinta-feira. Ainda no âmbito da “Terra d’Artes”, o Parque Urbano do Rio Diz recebeu workshops, música, teatro e sessões de contos.
O Museu da Guarda comemora esta quinta-feira os 80 anos de atividade com um programa que inclui a inauguração de duas exposições e uma palestra sobre o poeta Augusto Gil.
Fátima Santos