Cara a Cara

«Vamos dar continuidade ao trabalho em curso, mas há sempre mais a fazer na gestão cultural e/ou científica»

Escrito por Jornal O INTERIOR

Entrevista a Aida Carvalho, Presidente do Conselho Diretivo da Fundação Côa Parque

P – O que vai mudar na Fundação Côa Parque com Aida Carvalho?
R – Cumpre ao atual Conselho Diretivo da Fundação Côa Parque dar continuidade ao trabalho que estava em curso; nos processos de gestão cultural e/ou científica há sempre mais a fazer. A Fundação tem recursos e colaboradores motivados que poderão elevar a região a um patamar de excelência. As grandes linhas de orientação estratégica para a respetiva atuação passam «pelo desenvolvimento de atividades científicas e de investigação ligadas ao património cultural e natural da região, por ações de educação ambiental e de sensibilização de diversos públicos, visando a proteção e valorização dos recursos hídricos, espécies e habitats nela existentes, pelo reforço do aproveitamento das potencialidades turísticas, pela criação de novas infraestruturas e serviços de apoio ao desenvolvimento económico, propiciando a fixação das populações, o crescimento e a criação de riqueza, com vista a inverter tendências de desertificação e envelhecimento populacional, e por promover, através do conjunto destas vertentes, o reforço da integração e da coesão territorial do projeto e a sua renovada e persistente valorização internacional». A Côa Parque possui um Plano Estratégico (2018-2022) com orientações claras para as áreas do Património, da Ciência e do Turismo, assentando numa visão holista de reconhecer o Museu do Côa e o PACV como uma âncora de desenvolvimento regional.

P – Porque aceitou este desafio?
R – Aceitei por se tratar de um projeto profissional estimulante. O território tem ativos muito diferenciadores, beneficia da prestigiada chancela da UNESCO, que elevou a arte Pré-Histórica do Vale do Côa e o Alto Douro Vinhateiro ao estatuto de Património da Humanidade, beneficiando da tendência internacional para encarar o Património Cultural como força de transformação social. Este galardão é, sem dúvida, um ativo turístico de referência nacional e internacional, que acrescenta valor ao esforço de internacionalização, projetando a marca Côa além-fronteiras.

P – Como é que surgiu a experiência de ser guia intérprete entre 1996-2001?
R – O modelo de visitação do PAVC aos sítios rupestres é acompanhado por guias ou do Parque Arqueológico, ou por operadores privados devidamente licenciados pela Fundação após a realização de um curso de guias de arte rupestre certificado. Em 1996, integrei o primeiro curso de guias, que é um profissional capacitado que enriquece a experiência da viagem dos visitantes, ajudando-os na descodificação dos painéis rupestres com o auxílio de fichas explicativas. Foi uma experiência muito gratificante.

P – Como é que o Museu do Côa vai recuperar o tempo perdido provocado pela pandemia?
R – Existe muita vontade, logo, o tempo perdido pode ser recuperado. Por isso, não temos tempo a perder. Para já, iremos reabrir com uma grande exposição do mestre João Cutileiro e diversificar as modalidades de visita com a aquisição de uma embarcação eletrosolar que deverá iniciar a sua operação muito em breve.

P – E qual a estratégia para atrair mais visitantes para o museu e o Parque Arqueológico?
R – Face à situação epidemiológica que atravessamos a nossa ação irá pautar-se, sempre e de forma escrupulosa, pela janela de abertura imposta pelo Plano de Desconfinamento. Gostaríamos de colocar no terreno ações de alto valor acrescentado dirigidas a públicos muito específicos situados em geografias distintas. Pretendemos reforçar a participação nos circuitos culturais, turísticos e científicos, nacionais e internacionais; manter ativa a rede de cooperação com os operados turísticos e com as empresas de animação turística e apostar nos materiais de divulgação, quer ao nível da comunicação, com reforço da presença da instituição nos principais canais de disseminação de informação, quer ao nível da promoção, assente, nomeadamente, numa linha de merchandising personalizada e atrativa que consolide as marcas do Museu do Côa e do Parque Arqueológico do Vale do Côa. Pretendemos também apostar numa campanha de marketing digital destinada ao mercado nacional e de proximidade (Espanha), numa primeira fase, e, numa segunda fase, apostaremos em destinos internacionais que consideramos prioritários como sejam na Europa.

P – Quais são os seus novos projetos para o Museu do Côa?
R – Reforçar a estratégia ambiental e territorial que combine a salvaguarda e valorização dos recursos naturais e produtivos, em comunhão com o desenvolvimento sustentado e sustentável. Pretendo ainda reforçar a agenda científica e de internacionalização, bem como a estratégia para a atratividade turística e o desenvolvimento socioeconómico, potenciando o território e os seus recursos (priorizar incentivos não-financeiros de discriminação positiva, criando mercado).

P –A gestão de Bruno Navarro foi decisiva para a viabilização do museu e o Parque Arqueológico do Côa, o que falta fazer para afirmar ainda mais o Vale do Côa?
R – Sim, a gestão do Bruno Navarro foi fundamental para consolidar a presença deste projeto cultural e científico no contexto territorial alargado e na definição da sua vocação (cultural, científica, educacional e turística). Foi um verdadeiro embaixador.

 

AIDA CARVALHO

Presidente do Conselho Diretivo da Fundação Côa Parque

Idade: 47 anos

Naturalidade: Fragoso (Barcelos)

Profissão: Professora do Instituto Politécnico de Bragança

Currículo: Doutorada em Ciência da Cultura pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Mestre em História das Populações pela Universidade do Minho; pós-graduada em Turismo e Património Religioso pela Universidade Católica de Lisboa e em Gestão Cultural pelo Instituto Politécnico do Porto. Docente na Escola Superior de Comunicação Administração e Turismo do Instituto Politécnico de Bragança desde setembro de 2001, no mestrado de Marketing Turístico e na licenciatura de Turismo; Coordenadora do Departamento de Artes e Humanidades e membro da Comissão Científica do mestrado de Marketing Turístico. Guia Intérprete do Vale do Côa entre 1996 e 2001

Livro preferido: “O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway

Filme preferido: “Cinema Paraíso”, de Giuseppe Tornatore

Hobbies: Cinema e padel

Sobre o autor

Jornal O INTERIOR

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