P – Nuno Sousa é o novo diretor das Urgências do Hospital da Guarda. É um cargo que sempre ambicionou ter?
R – Sim, isto foi uma ideia que foi preciso ser amadurecida. Já penso nisto há algum tempo e foi-me introduzida a ideia há alguns anos, mas nunca tinha surgido oportunidade de concurso e eu fui amadurecendo a ideia. Não é uma posição nada fácil ter um serviço aberto para o exterior, sem numerus clausus de admissões, e torna-se um desafio, mas volvidos uns anos e depois de amadurecida a ideia abriu o concurso para a direção da Urgência e concorri consciente do que estava a fazer. Mas digamos que sim, há uns anos que me tinham falado no cargo, mas tive que amadurecer a ideia.
P – E sente-se preparado para assumir este cargo e esta responsabilidade?
R – Não sei se nos sentimos sempre preparados, ou melhor, preparados estamos, mas claro que há aquela ansiedade e aquele nervoso miudinho dadas as dificuldades e responsabilidades inerentes à função e ao serviço. Mas sim, sinto-me preparado, principalmente porque já trabalho neste hospital desde 2005, por isso conheço a realidade e depois porque, durante a minha formação de Pneumologia, fiz trabalho pela Urgência geral durante muitos anos, o que me deu uma bagagem que permite agora saber com o que conto. A escolha da segunda especialidade de Medicina Intensiva permitiu-me uma formação pela via clássica, que me deu também muita formação na área da Urgência/ Emergência e depois também já faço emergência hospitalar desde 2006, então digamos que a nível curricular estarei preparado.
P – Quais são as maiores dificuldades ou desafios por que passam as Urgências do Hospital da Guarda?
R – Não sei se tem a noção da dimensão assistencial da Urgência do Hospital da Guarda e do número de admissões diárias e isso prende-se com a população que temos. E há outra particularidade que tem a ver com a interioridade, fator que pagamos também no número de profissionais que conseguimos atrair para o trabalho no Hospital Sousa Martins. Esperamos ainda da tutela que tome decisões como o reforço positivo para que seja mais fácil atrair colegas para trabalhar no interior e que consigamos ter escalas bem mais completas, que é algo que está a ser difícil dado termos tantos médicos em Portugal que não trabalham no Serviço Nacional de Saúde. Portanto, eu sei quais irão ser as dificuldades que irei encontrar e elas prendem-se muito com o número de camas hospitalares que o Hospital da Guarda tem disponíveis, bem como com a gestão da demora média da nossa população, que é um pouco particular dado o envelhecimento da nossa população.
P – Tendo em conta estas dificuldades, tem planos que gostaria de implementar para a melhoria do serviço?
R – Sim, mas estamos a falar de um plano de ação multidisciplinar e de multiprofissionais e vai depender também do apoio da direção clínica da Unidade Local de Saúde e do apoio da direção dos restantes serviços hospitalares. Isto porque a Urgência é uma porta de entrada para o Serviço Nacional de Saúde e para o Hospital da Guarda e precisa de haver continuidade nos restantes serviços para que as engrenagens funcionem bem umas com as outras e por isso vai ser nesta interação com os restantes serviços que espero conseguir a melhoria, por exemplo, da demora para internamento nos vários serviços hospitalares. Estou só a começar agora, mas no âmbito da candidatura elaborámos um plano de atividades para o desenvolvimento clínico do serviço que nos propomos concretizar e, portanto, tenho a noção onde estão as dificuldades que, aliás, se fossem fáceis de resolver já teriam sido resolvidas. Mas sim, tenho um plano e espero a melhor das colaborações.
P- Que legado gostaria de deixar como diretor das Urgências do Hospital da Guarda?
R- Espero essencialmente ficar associado à sensação de dever cumprido e de trabalho, esforço, dedicação para esta tarefa difícil. Espero que consiga fazer a diferença no tempo que aqui estiver e pelo menos deixar o serviço um pouco melhor. Deixar um cunho pessoal do funcionamento da urgência/emergência.
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NUNO SOUSA
Diretor das Urgências do Hospital Sousa Martins
Idade: 45 anos
Profissão: Pneumologista e intensivista na Unidade de Cuidados Intensivos da ULS da Guarda; Docente da Universidade da Beira Interior
Naturalidade: Caldas da Rainha
Currículo (resumido): Licenciatura em Medicina pela Universidade de Coimbra.
Livro preferido: “Sapiens, História breve da humanidade”, de Yuval Harari
Filme preferido: “Os Condenados de Shawshank”, de Frank Darabont
Hobbies: Caminhar, “crossfit”, informática