Cara a Cara

«Serei candidato a uma Câmara ou Assembleia Municipal no distrito da Guarda»

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Escrito por ointerior

Nuno Simões de Melo, deputado do Chega na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda

P – O que fez pelo distrito da Guarda? Que medidas apresentou na Assembleia da República que envolvam a região?

R – Destaco a questão das portagens. Não só eu, como o partido, acabámos com alguma injustiça dos custos da interioridade quando permitimos que fosse aprovado na Assembleia da República o fim do pagamento de portagens na A23 e A25. O Chega apresentou uma proposta idêntica, que fazia parte do nosso caderno eleitoral e que não passou. Mas como, para nós, as populações estão em primeiro lugar, apesar de chumbarem a nossa, viabilizámos a proposta do Partido Socialista. Também fiz algumas propostas para o Orçamento do Estado que não foram aprovadas e tinham a ver com o distrito como um todo. Caso da abertura da linha de caminho de ferro entre o Pocinho e Barca D’Alva, a utilização da água da barragem do Sabugal pela própria população do concelho raiano e outras que não tiveram recetividade pelos dois maiores partidos.

P – Como vê o projeto do Porto Seco? Há um ano, faltava um mês para começarem as obras?

R – Muitas vezes pensamos em dar passos maiores que a perna. Em Espanha já está a funcionar um porto seco de “primeira grandeza” em Salamanca. Como é que vamos fazer concorrência a uma grande estrutura a 100 quilómetros da Guarda? Temos de pensar que se não conseguimos ser o número um então temos que ser o melhor número dois. Se não conseguirmos ser um “hub” de primeira categoria para a Península Ibérica, então temos de aplicar o lema “we try harder” e posicionar-nos como um porto seco de primeira categoria para o país, distribuindo mercadorias a partir do interior para todo o território nacional e para Espanha. Penso que, para concretizar este objetivo, era fundamental uma linha de caminho de ferro Aveiro-Guarda.

P – E o processo do Hotel Turismo da Guarda?

R – Segundo o que li na altura da campanha eleitoral, o problema do Hotel Turismo estava resolvido através da Câmara Municipal. Neste momento considero que é um não problema. Nós tínhamos uma proposta para o Orçamento de Estado que passava por uma escola de hotelaria, mas não avançamos porque tivemos conhecimento que já havia um protocolo entre a autarquia e a Enatur. Considerámos que estava resolvido. Vamos esperar para ver. Se não estiver resolvido, cá estaremos para apresentar soluções. Uma delas, por exemplo, envolvendo o IPG. Porque não uma escola de hotelaria na Guarda?

P – E na Saúde? O Departamento da Criança e da Mulher, no Pavilhão 5 do Hospital, continua por inaugurar?

R – Eu sou um grande defensor do SNS, mas como sistema nacional de saúde e não o Serviço Nacional de Saúde, conseguindo coordenar as três grandes valências: público, privado e social. Não podemos estar focados apenas no público porque está provado que não funciona. O Pavilhão 5 insere-se em toda esta lógica que é público, público, público, mas depois não há máquinas, se há máquinas não há operadores de máquinas e, depois, deixa de haver doentes porque morreram.

P – A GNR instalou na Guarda o comando nacional da UEPS – Unidade de Emergência Proteção e Socorro. O país precisa de mais descentralização?

R – Não é só descentralizar, é necessário deslocalizar serviços, como aconteceu com este da GNR. Uma maneira de trazer vida para o interior do país é mesmo deslocalizar serviços públicos. Também considero que deveríamos fazer uma reforma na administração pública que impedisse que houvesse agências, observatórios, secretarias de Estado, altas autoridades, em que, a certa altura, todos tratam de tudo e ninguém trata de nada, com custos atrás de custos em recursos financeiros. Sabemos que a deslocalização de serviços não é fácil para as pessoas que trabalham e têm vida organizada nesses locais, em Lisboa. Mas, como diz o ditado popular, “quem muda, Deus ajuda”. Então, porque não mudar alguns serviços para o interior?

P – O presidente do Chega disse que conta com os deputados do partido para conquistar autarquias. Será candidato à Câmara da Guarda?

R – O partido ainda não definiu os candidatos a algumas autarquias do distrito. Apenas está confirmado que o candidato à Assembleia Municipal da Guarda será o nosso atual deputado Luís Soares. Quanto a mim, não lhe posso dizer, para já, se serei candidato às Câmaras A, B ou C, mas serei cabeça de lista a uma Câmara ou Assembleia Municipal do país. Teria muito gosto em ser candidato a uma Câmara ou Assembleia Municipal deste distrito.

P – O que falta para tomar a decisão?

R – A decisão é sempre da direção nacional do partido e provavelmente serei candidato a uma Câmara Municipal ou Assembleia Municipal no distrito da Guarda.

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