P – A Air Liquide está em Portugal há mais de cem anos, com serviços em Lisboa. Em 2019 abriu um “business center” na área financeira em Lisboa e em 2021 abriu em Tomar. Há dois anos veio para o interior. O que levou esta multinacional a abrir um centro de negócios na área financeira na Guarda?
R – Um dos critérios principais na decisão da localização de um “business center” é o acesso a talento. As grandes multinacionais procuram pessoas competentes, com formação adequada que falem línguas estrangeiras. Acreditamos que Portugal tem talento espalhado por todo o país. Durante a Covid aperfeiçoamos a nossa agilidade em gerir equipas remotas, o que torna cada vez mais fácil gerir equipas baseadas em várias zonas do país.
P – Em que consiste este “business center”, o que fazem na Guarda?
R – O “Business Support Center” da Air Liquide executa tarefas financeiras e de recursos humanos para outras empresas do grupo espalhadas por mais de 28 países. Na Guarda fazemos tudo o que fazemos em Lisboa e em Tomar. Não há qualquer distinção. Os recursos humanos que recrutamos na Guarda estão integrados em equipas a nível nacional.
P – Quantas pessoas trabalham no vosso escritório na Guarda?
R – Hoje temos cerca de 50 pessoas no nosso escritório da Guarda. Mas isto é só o início. Queremos recrutar muitos mais nos próximos anos.
P – É uma aposta ganha? Vão continuar a apostar na Guarda? Vão recrutar mais pessoas?
R – É uma aposta ganha. Temos encontrado pessoas muito competentes e muito motivadas. Queremos continuar a apostar nesta região.
P – Contrariando a macrocefalia habitual em Portugal, de tudo acontecer em Lisboa e todos irem para Lisboa… A Air Liquide inaugurou uma nova dinâmica de ir ao encontro do talento no interior em vez de o procurar na “grande cidade”. O que levou a escolherem este caminho? E tem sido fácil recrutar pessoas qualificadas na Guarda?
R – A indústria dos “business centres” em Portugal é uma das que mais tem crescido no nosso país. Segundo um estudo da AICEP, somos hoje o quinto maior exportador a nível nacional. Possibilitar ao país continuar a crescer e a receber mais investimento estrangeiro nesta área implica sermos espertos, acompanharmos a novas tendências de IA e automação, e sermos capazes de desenvolver e atrair mais talento. Se expandirmos a operação para outras regiões para além de Lisboa & Porto temos acesso a todo o talento do país.
P – No dia 22 vão promover o evento “Growing Guarda” para comemorar os dois anos de presença na cidade, qual o objetivo e em que vai consistir?
R – A região do interior tem conhecido ao longo das últimas décadas uma tendência de talento a sair para o estrangeiro e para os grandes centros de Lisboa e Porto. Para começar a inverter esta tendência é necessário trabalhar em conjunto: Câmaras, Governo, empresas, institutos, academia, alunos. Depois de começar o processo é natural, porque investimento atrai investimento, talento atrai talento, e construímos um ciclo virtuoso. Se trabalharmos juntos, com um sentido de missão, conseguimos deixar o mundo melhor do que o encontrámos. Este evento pretende ser isso mesmo. Por um lado, celebrar o que já fizemos, por outro, percebermos quais são os passos seguintes e como, trabalhando em conjunto, promovemos o desenvolvimento da região, e por consequência do país. Como diz o nome do nosso evento #GrowingGuarda.
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Perfil: Isabel Duarte
Diretora-geral da Air Liquide Europe Business Services em Portugal
Profissão: General Manager
Idade: 50 anos
Naturalidade: Portugal
Currículo (resumido): Mestre em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto
Livro preferido: tantos que é impossível listar aqui
Filme preferido: “Once upon a time in the west” & “The day after tomorrow”
Hobbies: ler muito