P – Acaba de inaugurar o espaço de arte contemporânea “ZFerero” no Soito. Como surgiu a ideia e o que há para ver?
R – O espaço de arte contemporânea “Zferero” foi inaugurado na passada sexta-feira no Centro de Negócios Transfronteiriço (CNT) do Soito, no concelho do Sabugal, criado nas antigas instalações da fábrica de sumos Cristalina. Eu tenho um vasto espólio artístico e de tecnologia mecânica e fiz a proposta de doação ao município de parte dessas obras e peças com a condição de ser exposto permanentemente no CNT para criar o “ex-líbris” do Soito.
P – Vai ser um espaço de retrospetiva do seu trabalho, ou está disponível para outros artistas exporem as suas obras?
R – Sim, o espaço alberga já as minhas quatro coleções de arte contemporânea e a coleção de arte mecanizada do meu pai, José Oliveira, em regime permanente. Também propus que um dos espaços livres no Centro de Negócios Transfronteiriço desse a possibilidade a outros artistas de ali poderem fazer as suas exposições. Nesse mesmo espaço foi apresentada, também na sexta-feira, a minha recente coleção de arte, composta por 14 esculturas, com o título “A estupidez da arte”. Essa mostra está patente ao público até outubro.
P – É um escultor autodidata, de onde vem a sua inspiração?
R – Sou autodidata e escultor por acidente, fui construtor artesanal de automóveis, coordenei projetos de engenharia mecânica no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e na Universidade da Beira Interior (UBI), e ganhei vários prémios internacionais de design automóvel.
P – Como classifica a sua obra?
R – A minha obra é muito extensa, não a consigo definir. Abrange várias áreas entre as artes e a tecnologia mecânica.
P – Trabalha sobretudo o ferro, a que se deve esta predileção? Que outros materiais gostaria de experimentar?
R – O ferro, porque é de tradição familiar. Trabalho também com materiais compósitos, que é a minha verdadeira especialidade. Sou investigador de novos materiais compósitos à base de cortiça.
P – Que outros projetos tenciona levar a cabo nos próximos tempos?
R – Tenho em curso o projeto de desenvolvimento de técnicas e materiais para a construção de instrumentos musicais com matérias não provenientes do abate de árvores, trabalho que pode ser visto no meu site www.zferero.pt .
Dados de perfil:
João José Oliveira
Escultor e investigador
Idade: 65 anos
Naturalidade: Soito (Sabugal)
Profissão: não consigo definir
Currículo (resumido): Estudou na Escola Industrial da Covilhã; Foi empresário e designer de automóveis, tendo lançado o modelo “Lince”; Coordenou várias equipas da UBI, do IPG e do Externato Secundário do Soito que participaram no Shell Eco-Marathon e com as quais venceu cinco primeiros prémios de design; Autor dos livros “Ser-se Feliz é uma Questão de ‘Engenharia’” e “Como Viver em Crise e com a Crise – Dez Mandamentos”; Atualmente é escultor, investigador de compósitos de cortiça e criador de instrumentos musicais nesse material, dedica-se também à criação biológica de vacas charolesas.
Livro preferido: Já publiquei dois livros sobre a natureza do meu pensamento
Filme preferido: Não gosto de cinema
Hobbies: Agricultura sustentável