P – O Aforista foi considerado o melhor vinho da Beira Interior pelo segundo ano consecutivo. Qual é o segredo para o sucesso?
R – O segredo para o sucesso é o trabalho. Ganhámos a prémio de melhor vinho no Concurso de Vinhos da Beira Interior do ano passado e ganhamos também este ano. O sucesso é fruto do trabalho e da dedicação à vinha e também da enologia… O nosso enólogo, o José Brandão, é topo, é do melhor que anda por aí.
P – O que representa este prémio para a empresa?
R – Olhámos para a distinção com muito orgulho porque é difícil ser o melhor entre tantos vinhos bons, e isso dá-nos mais expetativa, dá-nos mais conforto e orgulha-nos ter sido o melhor, principalmente este ano. Nos próximos anos veremos.
P – Estes prémios refletem-se na venda dos vinhos Aforista?
R – Refletem positivamente. As pessoas têm mais curiosidade em experimentar, têm mais vontade de provar o nosso vinho. Estão mais despertas porque também querem perceber porque é o melhor e porque foi eleito o melhor dos melhores por tanta gente.
P – Exatamente pela curiosidade de quem nunca provou, que vinho é este? O que podemos dizer sobre o Aforista Reserva Branco de 2022?
R – É um vinho que, na realidade, é diferente. Todos os bons vinhos têm um momento e este combina bem com vários momentos: combina bem com comida, com o prazer de beber uma taça de vinho, combina com o glamour que hoje existe sobre os vinhos. Às vezes nem sabemos explicar, provamos um vinho e dizemos “deste não gosto”, “daquele gosto”… É uma coisa que, na realidade, é diferente e penso que tem a ver com o nosso clima, com a nossa maneira de trabalhar a vinha e os vinhos e com o trabalho que temos com tudo isso, que é muito.
P – Para além de Melhor Vinho, também levaram para casa várias medalhas de ouro, inclusive um espumante pela primeira vez. Como correu esta edição do Concurso de Vinhos da Beira Interior?
R – Correu muito bem porque foi um pleno. As pessoas não têm obrigação de saber isto, mas neste concurso só se podia concorrer com quatro vinhos. Entre todos os que tínhamos escolhemos quatro, que são muitos bons e venceram medalhas de ouro, e fico muito orgulhoso. Em relação ao espumante, para nós é uma novidade. Foi o primeiro que a nossa casa fez. Fizemos a base do espumante em 2021, José Brandão trabalhou nisso e chegou agora o momento de o colocar no mercado. Ficámos muito contentes porque, pela primeira vez, fizemos um espumante e ele foi reconhecido. Ficámos muito orgulhosos porque conseguimos um pleno dos quatro vinhos mealhados e, além disso, conseguimos o melhor dos melhores, o que é um orgulho muito grande.
P – Que projetos estão pensados para o futuro?
R – Vamos continuar a trabalhar com os tipos de vinhos que temos. Daqui a cerca de meio ano vamos ter um vinho rufete, de casta única e da nossa região, que nunca fizemos e talvez no próximo concurso tenhamos esse vinho na posição de concorrer. Mas temos outros vinhos, como um cem por cento Touriga Nacional. E vamos trabalhando, vamos vendo de acordo com as vindimas, que também é muito importante, porque muitas vezes a vindima condiciona a feitoria de um vinho.
P – Como olha para os vinhos da Beira Interior? Estão a ganhar mais espaço no mercado?
R – Eles têm que ganhar espaço. A Beira Interior esteve esquecida durante muitos anos e por cá fabricam-se vinhos tão bons ou melhores que nas outras regiões do país. O problema tem sempre a ver com a comercialização e relativamente à Beira Interior as pessoas ainda estão um bocado reticentes. Quando se fala em vinho as pessoas pensam no Douro, no Alentejo e até no Dão, mas eu olho para a Beira Interior com futuro. Os vinhos, como as outras coisas todas, têm uma moda, têm um tempo e acredito que o tempo da Beira Interior é o melhor e é a curto prazo porque as pessoas estão despertas para aquilo que se está a fazer na nossa região. Se há pouco tempo quiséssemos comprar um vinho bom da Beira Interior ele não existia ou não era conhecido. Hoje, graças a todas as publicitações, concursos e notícias, dá-se a conhecer mais o que aqui se produz e os vinhos acabam por chegar a mais gente que ficam com curiosidade em provar. Hoje, por exemplo, se chegar a um restaurante há quem peça um vinho da Beira Interior, antigamente ninguém fazia isso. Ficavam pelos vinhos do Douro, Alentejo e pouco mais. As coisas custam a conquistar e levam o seu tempo, mas acho que com tempo e trabalho vamos lá.
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DANIEL CAVALEIRO
Sócio-gerente do Aforista
Idade: 55 anos
Profissão: Comerciante e agricultor
Naturalidade: Lameiras (Pinhel)
Currículo (resumido): Fez o ensino básico nas Lameiras e em Pinhel. O secundário foi feito na Guarda, assim como o bacharelato. Licenciou-se no curso de Gestão, no Porto
Livro preferido: “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões
Hobbies: Passear, ir à praia, viajar por Portugal e visitar quintas de vinhos.