Cara a Cara

«O motocross em Fernão Joanes não é uma coisa de há dois ou três dias, já são mais de 20 anos»

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Escrito por Efigénia Marques

P – Como correu este fim-de-semana de motocross em Fernão Joanes? Quantas pessoas passaram pelo Crossódromo Internacional das Lajes?
R – Correu de forma impecável, este ano o tempo ajudou-nos. O calor é mau para o espetáculo porque, de vez em quando, pode criar um bocado de pó e as nossas equipas de rega têm de andar sempre em cima do acontecimento, mas para o público poder vir ao Crossódromo Internacional das Lajes é muito melhor. Em termos de público, estamos a falar entre 2.000 a 2.500 pessoas durante todo o fim de semana. No domingo contámos com a entrada de cerca de 2.000 pessoas e no sábado estiveram entre 400 e 500 pessoas.

P – Em comparação com anos anteriores, o que significa esse número?
R – No ano passado foi diferente porque no domingo tivemos um dia de chuva. O normal é que apareçam sempre cerca de duas mil pessoas e, como tivemos bom tempo, foi o habitual. A expetativa aumentou um bocadinho porque tivemos mais pilotos do que nos últimos anos. Eram mais de cem pilotos em prova, pelo que já é uma marca. Há muito tempo que não era atingível e, não sei se por causa disso ou não, mas o público também aderiu em massa e as corridas correram muito bem.

P – A Associação Cultural e Recreativa de Fernão Joanes vai comemorar 32 anos. Como é que tudo começou e como chegou aos dias de hoje?
R – Somos uma associação juvenil que foi fundada a 15 de outubro de 1992 por um grupo de pessoas ao qual chamámos “os três mosqueteiros”. Formaram a ACR juntamente com mais duas ou três pessoas, e a partir daí toda a gente da aldeia começou a trabalhar em prol da associação – não só no motocross, mas também noutras atividades, como a Festa da Transumância, que é dedicada ao pastor e à pastorícia. No motocross começámos com provas piratas, depois tivemos os Campeonatos Regionais de PentaControl, evoluímos para os Campeonatos Nacionais e já vamos na décima edição desde 2014. Passámos também a organizar uma etapa do Campeonato Europeu de 65 a 85cc, juntamente com o Nacional… não é uma coisa de há dois ou três dias, já trabalhamos para o motocross há 20 e poucos anos.

P – Quem são os “três mosqueteiros” de que fala?
R – O grupo era constituído por Daniel Vendeiro, Jorge Bico e Joaquim Almeida. Infelizmente o Daniel já não está entre nós, mas os outros dois companheiros fazem parte da “mobília” da ACR de Fernão Joanes e vão continuar a fazer. Estão integrados na equipa e controlam as áreas a que já estavam habituados a tratar. Já acompanham a associação há quase 32 anos e são eles que nos ensinam e ajudam a evoluir. Eles dão-nos experiência e nós damos um pouco da inovação, uma vez que somos um bocadinho mais jovens e temos outros pensamentos, mas sempre com a base sólida da amizade, da confraternização e todos trabalhamos em prol da terra e para a aldeia.

P – E as pessoas de Fernão Joanes sentem-se integradas na modalidade?
R – Infelizmente não temos nenhum praticante dentro dos quadros. Mas as pessoas e todos os voluntários ligados à Associação são mais de 150, não só de Fernão Joanes, mas também das aldeias vizinhas. A população que diariamente fica na aldeia são cerca de 120/130 pessoas cuja faixa etária é maioritariamente mais velha. Temos que nos apoiar nas aldeias vizinhas para ter estes voluntários todos a trabalharem durante vários dias em prol do motocross e estão integrados.

P – Quais são as principais dificuldades que enfrenta a Associação Cultural e Recreativa de Fernão Joanes?
R – Sendo sincero, os problemas partem da dificuldade em arranjar voluntários, uma vez que não temos capacidade. É preciso, nomeadamente, termos sempre bombeiros, o que, às vezes, também é difícil porque eles não estão disponíveis conforme precisamos. Somos 150 voluntários e não há uma pessoa que seja paga e isso é a dificuldade dos dias de hoje. Temos de trabalhar para as verbas, é sempre difícil captar novos patrocínios e novas pessoas para nos ajudarem a trabalhar e a manter o que é o motocross de Fernão Joanes.

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CARLOS CRUZ

Presidente da direção da Associação Cultural e Recreativa de Fernão Joanes

Idade: 31 anos

Naturalidade: Fernão Joanes

Currículo (resumido): Licenciatura em Economia na Universidade da Beira Interior, MBA, passou por uma fábrica de confeções e atualmente trabalha na equipa de logística da COFICAB

Filme preferido: “Ocean’s Eleven”, de Steven Soderbergh

Hobbies: ACR Fernão Joanes, andar de bicicleta e jogar futebol

Sobre o autor

Efigénia Marques

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