Cara a Cara

«“Discos Pedidos” é dedicado a tudo o que vivi enquanto criança na Rádio Altitude»

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Escrito por Efigénia Marques

P – Como surgiu e em que consiste “Discos Pedidos”?
R – Surgiu no âmbito da minha licenciatura em Cinema pela UBI e é dedicado ao meu pai, Hélder Sequeira, e ao Emílio Aragonez, para além do Albino Bárbara e do Carlos Martins. Tendo em conta que é uma curta-metragem, tive que filtrar muita informação para chegar apenas a esta temática porque a ideia inicial abrangia outros aspetos conotados também com o Sanatório Sousa Martins. Acima de tudo é dedicado a tudo o que vivi enquanto criança na Rádio Altitude e a todos aqueles que me acompanharam e dos quais guardo memórias muito bonitas.

P – Há algum motivo especial por ter escolhido o período que antecedeu o 25 de Abril?
R – Essencialmente por fazer 50 anos em 2024 e por ter noção do contexto político que implicava a limitação ao nível da liberdade de expressão. O contexto musical, mas acima de tudo artístico, é importante para as pessoas. “Discos Pedidos” retrata um momento de tensão pré-revolução e a abertura que existiu no pós-25 de Abril, neste caso relativamente à música e àquilo que os ouvintes procuravam. Para além disso é importante transmitir à gente mais nova que aquilo que vivem hoje em dia e a sua própria exuberância social, apenas através das redes, era algo totalmente impensável outrora. Antes havia limites no relacionamento, hoje em dia parece que há limites para se conviver e as pessoas isolam-se porque querem para depois festejarem feriados revolucionários.

P – “Discos Pedidos” é também um contributo para memória futura da Rádio Altitude, que celebrou 75 anos em 2023?
R – Sem dúvida. Tendo em conta a minha ligação com a Rádio Altitude foi algo que me levou nesse sentido porque é um marco histórico a nível nacional e uma casa pela qual tenho muito amor. Não sendo um projeto que foi proposto pela própria rádio, espero que seja algo em que a instituição se reveja e consiga valorizar. É crucial que as pessoas preservem a sua identidade e aquilo que eleva a nossa cidade.

P – É a primeira vez que Luís Sequeira se aventura na realização de um documentário. É uma experiência para repetir?
R – “Discos Pedidos” foi a minha primeira experiência como realizador. Já depois disso realizei outro documentário chamado “Mãos da Terra” em homenagem a José Teixeira e à sua obra intitulada “História da Vida”, que vai estrear ainda este ano. Foi rodado em Paradela do Rio e é uma celebração de alguém com uma resiliência imensa, pessoa de grande carisma e que é uma inspiração para muita gente. Espero que em 2025 possa avançar com outra ideia que tenho estado a desenvolver mas em formato de longa-metragem.

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LUÍS SEQUEIRA

Realizador do documentário “Discos Pedidos”

Idade: 36 anos

Profissão: Compositor, músico, fotógrafo

Naturalidade: Guarda

Currículo (resumido): Conservatório de Música Clássica; Engenharia de Som; artista na Third-Ear Recordings; Departamento de Arte; Licenciatura em Cinema; Diretor artístico do projeto “Beat na Montanha”

Livro preferido: “Branco”, de Bret Easton Ellis

Filme preferido: “Touki Bouki”, Djibril Diop Mambéty

Hobbies: Desenhar, colagens, “stencil”, edições de vídeo um pouco experimentais através de fotografias analógicas e manipulação fotográfica ou “video-art”

Sobre o autor

Efigénia Marques

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