Cara a Cara

«Com o relançamento do basquetebol na região criou-se uma maior predisposição para as autarquias investirem na requalificação dos seus pavilhões»

Fotografia
Escrito por Efigénia Marques

P – A Associação de Basquetebol da Guarda comemorou 35 anos, como está o basquetebol no distrito?
R – Esta comemoração ficou marcada por três grandes momentos: um convívio de minibasquete com aproximadamente 200 crianças, uma reunião federativa com todas as Associações Regionais e a apresentação de um mural com o historial dos clubes filiados desde a fundação e dos dirigentes e treinadores que contribuíram para o crescimento do basquetebol do distrito da Guarda. No que diz respeito à evolução da modalidade, os clubes são a razão da existência da Associação. Apesar das diversas dificuldades com que se deparam diariamente, e são muitas, estão bem estruturados, o que se deve em muito à dedicação dos treinadores e dirigentes, aos quais quero deixar uma palavra de agradecimento pela forma empenhada como se dedicam para que os jovens atletas pratiquem basquetebol e os clubes existam. Mas é importante referir que o basquetebol tem crescido, mas ainda há um grande caminho a percorrer.

P – Quantos praticantes e quantos clubes há no distrito?
R – Numa breve resenha da época de 2023/24, posso afirmar, com base em alguns dados já disponíveis, que a atividade desenvolvida está a superar todas as expetativas, apontando sinais claros para o futuro. A Associação conta com onze clubes filiados, alguns ainda em fase de iniciação, e estamos a atingir os cerca de 300 praticantes. Mas o basquetebol também precisa de treinadores qualificados, dirigentes motivados e juízes competentes e, quanto a isso, estamos no bom caminho de crescimento.

P – Que balanço faz da modalidade num distrito que tem perdido população?
R – É um balanço positivo, na medida em que temos aumentado o número de agentes desportivos ao longo dos anos num território de baixa densidade populacional, envelhecido e com tendência a perder população, tendo em conta que nalgumas regiões onde a população está a aumentar se mantêm os mesmos números de agentes desportivos das épocas anteriores. No entanto, há cada vez mais dificuldades dos clubes em construírem a sua base de formação, sendo importante apostar em projetos de captação. Não é por acaso que uma das nossas apostas passa por levar o basquetebol a escolas do primeiro ciclo. O projeto “Minibasquete Vai à Escola” é estratégico e tem como objetivo realizar ações de dinamização, oferecendo aos mais novos o contacto com a modalidade. Se gostarem podem ser encaminhados para os clubes mais próximos. Temos apostado neste plano que ajudou clubes a superarem algumas dificuldades de recrutamento de atletas.

P – A prática de basquetebol exige meios, nomeadamente pavilhões, como têm conseguido implementar a modalidade com tão poucos espaços disponíveis?
R – Havendo poucos meios disponíveis, tem-se tentado requalificar os existentes nos diversos concelhos. A maioria dos recintos de jogo obedecem a marcações do campo com regulamentação desatualizada e, nesse sentido tem-se trabalhado junto das autarquias para a revisão dessas marcações, atualizações de marcadores e tabelas adequadas, de acordo com os regulamentos para a prática oficial da modalidade. Com o relançamento do basquetebol na região criou-se uma maior predisposição para os municípios investirem nessa requalificação, sempre com o intuito de que a modalidade venha a crescer ainda mais nos próximos anos. Temos a obrigação de preparar o futuro de forma que o basquetebol continue a crescer ainda mais e se este trabalho tiver êxito, vai haver mais agentes desportivos para a modalidade.

P – Como vê o futuro do basquetebol na região?
R – Antevê-se um futuro promissor, tendo em conta que vai depender sempre da entrega, do trabalho e dedicação dos clubes e dos agentes desportivos. No entanto, é sempre importante perceber as dificuldades de cada clube, de forma a motivar e mobilizar os quadros técnicos, desenvolvendo formações para os treinadores com a finalidade de entrada de novas equipas em competição e de árbitros para assegurar o bom funcionamento dos jogos. O programa de apoio aos clubes é sem dúvida um instrumento de incentivo muito importante para a sustentabilidade e crescimento ao longo dos anos. No que diz respeito ao nível competitivo, torna-se necessário manter esforços para a realização do Campeonato do Centro nos diversos escalões para aumentar significativamente o número de jogos e gerar um maior nível competitivo durante toda a época. Quanto às seleções regionais, é uma aposta que deve ser reforçada para que a região seja cada vez mais competitiva e melhore acima de tudo as classificações.

P – Que projetos pretende a Associação colocar em prática até ao fim do mandato?
R – Neste momento continuamos com o projeto “Minibasquete Vai à Escola” e vamos prosseguir com o plano para “Todos os Jogos com Árbitros”, que são elementos essenciais do jogo. Tal como as equipas, também os juízes têm objetivos e muitos deles estão no seu processo de formação, como os jovens atletas. Adicionalmente, queremos iniciar uma nova formação de treinadores, que acreditamos que terá um impacto positivo no aparecimento de novas equipas e no desenvolvimento de atletas. Temos ainda definidas três participações das seleções regionais na Festa do Basquetebol Juvenil, a Festa Nacional do Minibasquete e o Intersseleções de 3×3. Além disso, pretendemos acolher finais de provas nacionais com o intuito de promover a modalidade através de jogos de elevado rendimento, colocando o distrito da Guarda como referência nacional.

P – No Verão termina o mandato dos atuais órgãos sociais da ABG. Vai recandidatar-se?
R – Essa é uma questão que ainda não se colocou, mas a seu tempo, juntamente com os restantes elementos dos órgãos sociais, tomaremos a decisão. Até lá, existem certamente muitas preocupações no mandato atual, que vamos cumprir com honestidade, rigor, competência e paixão pelo basquetebol.

__________________________________________________________________

TIAGO NASCIMENTO

Presidente da Associação de Basquetebol da Guarda

Idade: 38 anos

Naturalidade: Celorico da Beira

Profissão: Engenheiro informático

Currículo (resumido): Mestre em Gestão e Sistemas de Informação Empresariais e presidente da Associação de Basquetebol da Guarda

Livro preferido: “De Zero a Zara”, de Jesús Salgado

Hobbies: Desporto, ler e viajar

Sobre o autor

Efigénia Marques

Leave a Reply