Ao perder em casa por duas bolas a zero frente ao Sporting da Mêda, a Desportiva de Manteigas perdeu definitivamente a esperança, já de si reduzida, de poder chegar a um dos dois primeiros lugares da classificação do Distrital da Guarda. Mais uma vez, a turma serrana não conseguiu o futebol esclarecido que a caracterizou durante grande parte da época, enquanto que a formação forasteira “matou” o jogo com dois golos nos últimos 20 minutos, na conclusão de rápidos contra-ataques. Com mais este desaire caseiro, a equipa de Tó Real viu-se ultrapassada pelo Sabugal e ocupa agora a quinta posição, embora ainda tenha um jogo a menos que será disputado com o vizinho e “rival” Gouveia a 10 de Abril.
Nos primeiros minutos, o encontro foi equilibrado a meio-campo, mas com um ligeiro ascendente dos donos da casa, que averbaram assim a sua segunda derrota intra-muros depois de terem sido surpreendidos pela Lageosa do Mondego há três jornadas atrás, naquele que foi o primeiro grande contratempo na corrida pelo título. A primeira jogada de algum perigo surgiu aos 6’, com Picas a cruzar da direita para a área, onde David trabalhou bem sobre um defensor contrário mas viu o seu remate sair por cima da trave da baliza de Paulo Jesus. Aos 14’, foi a vez de Beto tentar a sua sorte com um forte remate de fora da área que obrigou o guardião medense a aplicar-se, defendendo para a frente. Na resposta, aos 22’, o perigoso Paulo João teve uma excelente arrancada pelo flanco esquerdo entrando com perigo na área serrana, mas Sérgio Nogueira, atento, foi bastante rápido a sair da baliza. A partir daqui, o jogo decaiu de qualidade e não se registaram mais oportunidades até ao final do primeiro tempo. Na etapa complementar, a equipa visitante entrou melhor e, aos 47’, viu o árbitro anular uma jogada por pretenso fora-de-jogo de Paulo João quando o avançado se preparava para rematar. Aos 56’, o ponta-de-lança forasteiro voltou a fazer das suas com nova boa jogada à linha pelo lado esquerdo, passando bem por Mário Carvalho para cruzar para a área, onde não surgiu nenhum companheiro para encostar o pé, com a bola a passar perto da linha de golo.
À passagem da hora de jogo, o Manteigas desperdiçou a sua melhor oportunidade. Picas encheu o pé à entrada da área e obrigou Paulo Jesus a uma excelente intervenção desviando para fora. Na sequência do pontapé de canto, o recém-entrado Marcelo surgiu bem ao segundo poste, mas viu o guarda-redes contrário voltar a opor-se bem. Apesar do influente João Biló ter sido alvo de marcação individual por parte de Artur Jorge, o Manteigas parecia reagir bem nesta altura do jogo e, aos 69’, Vítor teve uma jogada individual, rematando forte mas ao lado. Contudo, quando estavam decorridos 73 minutos, o Sp. da Mêda colocou-se em vantagem através de um excelente golo de Edson. Depois de receber a bola de Paulo João, que ganhou nas alturas a um adversário à entrada do meio-campo, o jovem centro-campista ludibriou três defesas manteiguenses e rematou em jeito quando entrou na área. Embalados com o tento inaugural, os comandados de João Borrego chegaram ao segundo golo aos 81’, na sequência de nova jogada de contra-ataque. Lançamento longo para o lado direito, onde surgiu, mais uma vez, Paulo João que foi à linha cruzar, ganhando o lance ao guardião serrano, saído desenfreadamente da baliza na tentativa de esconjurar o perigo, só que a bola chegou a Rogério que se limitou a “fuzilar” autenticamente a baliza deserta.
No final da partida, Tó Real reafirmou que o Manteigas está atravessar «um mau momento», mas que «não merecia ter perdido o jogo» já que o «empate era o resultado mais justo», reconhecendo que «em termos de aspirações, perdemos aqui tudo». Já João Borrego mostrou-se satisfeito com a obtenção de mais três pontos: «Foi uma boa vitória num campo muito difícil. Na segunda parte conseguimos assentar o nosso jogo, criámos os desequilíbrios necessários e conseguimos marcar dois golos», sublinhou o técnico do Sp. da Mêda.
Ricardo Cordeiro
