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Vereadores do PSD «chocados» na Guarda

PIDDAC de 2005 gera mais descontentamento que satisfação no distrito

A Câmara da Guarda manifestou na última reunião do executivo o seu descontentamento pela escassez de verbas para obras inscritas no Programa de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC/2005) para o concelho. A posição foi aprovada por unanimidade e classifica a dotação de três milhões de euros prevista para o concelho como «uma vergonha». Os dois eleitos do PSD presentes, Luís Costa e Crespo de Carvalho, confessaram-se «profundamente chocados» com este montante. Estava agendada para esta semana uma reunião do executivo guardense com os dirigentes partidários e os quatro deputados eleitos pela Guarda na Assembleia da República para discutir o PIDDAC.

Visivelmente incomodado com os números, Luís Costa acredita que ainda é possível alterar a dotação para o concelho e promete «pedir contas» se tal não vier a acontecer. «O que estão os representantes deste distrito a fazer na Assembleia da República», questiona o vereador, garantindo que se fosse deputado, e a manter-se esta situação, votava contra: «Nem me abstinha nem votava a favor nem suspendia o mandato», desafiou. Também Crespo de Carvalho considera haver «de facto uma crítica que pode e deve ser directamente direccionada ao Governo PSD/CDS e, em segundo lugar, aos deputados, se não forem capazes de demonstrar na prática capacidade e intervenção suficiente para alterar esta situação». Maria do Carmo Borges não faltou a este toque a rebate e considerou «uma vergonha aquilo que estão a fazer à Guarda, porque se não fosse a autarquia a fazer obra, não haveria obras no concelho», criticou. A presidente lamentou ainda que equipamentos já realizados ainda tenham verbas inscritas para 2005, como é o caso das novas instalações da Polícia Judiciária, recentemente inauguradas pelo ministro da Justiça. Em contrapartida, «ainda não é desta» que o PIDDAC contempla as obras do quartel da GNR da Guarda «com uma dotação que desse a certeza de que iria ser construído», nem a nova ligação do IP5 à Guarda através da área de repouso do Alvendre. A ligação em via dupla da Guarda à A25, a “estrada verde” entra a cidade e o maciço central da Serra da Estrela e o quartel da GNR de Gonçalo são outras obras que a autarca quer ver realizadas.

Eduardo Brito descontente

Em Seia, vive-se o mesmo descontentamento por «mais um adiamento» de alguns investimentos considerados de importância vital para o concelho. E também Eduardo Brito, presidente da Câmara, escolheu o termo «vergonhoso» para classificar o PIDDAC de 2005 para o seu município. «Não entendo como se pode desenvolver o interior do país, continuando >> >>a apostar desta forma», disse, estranhando que as obras «que constituem as grandes expectativas de desenvolvimento do concelho se arrastem há anos». É o caso da Variante de Seia, «que já constou em PIDDAC, mas foi retirada pelo Governo do PSD», dos quartéis da GNR de Paranhos da Beira e dos Voluntários de Loriga, para além da remodelação do hospital, dotada com um milhão de euros, que é uma questão que não considera problemática, «mas que merece ser acompanhada». No domínio das acessibilidades, o autarca espera que o ministro das Obras Públicas cumpra a promessa de apresentar até ao final do ano os grandes eixos à Serra da Estrela e o projecto de alargamento da estrada de acesso à Torre. No entanto, constata que terá de ser, «uma vez mais, a Câmara a fazer aquilo que compete ao Governo, continuando a investir para dar solidez ao nosso desenvolvimento». Perante esta realidade, o município vai promover um conjunto de acções junto do primeiro-ministro e dos vários ministérios. «É que, nos últimos três anos, o concelho de Seia não obteve uma única realização, apesar de contarmos com uma boa carteira de projectos», concluiu.

José Manuel Biscaia desmotivado

Quem está satisfeito é Álvaro Amaro. O presidente da Câmara de Gouveia não quer valorizar «em demasia» o aumento substancial do PIDDAC para o seu concelho, «mas também não desvaloriza» o acontecimento. «Crescer quase oito vezes mais em relação a 2004 só pode ser fruto de muito trabalho, justifica o autarca. Em contrapartida, o vizinho de Manteigas confessa-se «altamente desmotivado» com os investimentos que a administração central projectou para o seu concelho. José Manuel Biscaia espera agora que o Governo encontre «uma solução» para alterar os números do PIDDAC, através, nomeadamente, de contratos-programa para garantir a construção do complexo de piscinas de água quente e a beneficiação da EN 338, entre Manteigas e os Piornos. «Espero que o critério de apoios para estas intervenções não seja arbitrário, caso contrário isto será um inferno», avisa.

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