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Valente considera «urgente» consolidação das finanças da autarquia

Candidato do PS à Câmara da Guarda promete criar Conselho Municipal para o Desenvolvimento, Investimento e Qualificação de Recursos

Entrou ao som da gaita de foles e saiu sob o hino. Tudo organizado ao segundo e ao pormenor em torno de Joaquim Valente. Na última segunda-feira, o candidato do PS à Câmara da Guarda só não teve ao seu lado um protagonista de primeiro plano, já que Jorge Coelho, coordenador autárquico dos socialistas, não veio e foi inexplicavelmente substituído por Miranda Calha. Um erro de “casting” numa estreia esgotadíssima e sem grandes surpresas, para além dos inevitáveis ataques a Ana Manso e da promessa de que o PS vai mesmo dar à Guarda um hospital novo.

Nenhum deles foi proferido por Joaquim Valente, a estrela da noite, que prometeu para mais tarde o anúncio de uma equipa «coesa, capaz e unida» e do seu programa. Para já deixou três ideias-chave, como a estratégia para o crescimento e desenvolvimento, políticas sociais e qualidade de vida. No primeiro vector, o candidato tenciona implementar políticas de apoio ao investidor e exigiu serviços «de excelência e qualidade» na autarquia, que deve «amenizar procedimentos e facilitar processos». Um item aproveitado para dizer, subrepticiamente, que «é urgente consolidar as finanças do município com o rigor que o presente aconselha e o futuro exige». Um recado que parece ter passado despercebido, mas Valente continuou depois com o único projecto da noite ao anunciar, sem explicar, a criação do Conselho Municipal para o Desenvolvimento, Investimento e Qualificação de Recursos. Do segundo vector o destaque vai para a ideia de perspectivar o Parque da Saúde como «equipamento central, não apenas no aspecto hospitalar, mas também como elemento importante no ordenamento e valorização da própria cidade». Finalmente, a terceira linha de orientação sugere o aproveitamento da ligação cultural Coimbra-Guarda-Salamanca, bem como do eixo económico Porto-Guarda-Madrid.

Outra aposta de Joaquim Valente é a agricultura biológica e outras actividades agrícolas rentáveis de modo a ultrapassar os problemas do sector. «A certificação destes produtos, processo pelo qual a autarquia se deve bater, permitirá ocupar um nicho de mercado em acentuada progressão», considerou, admitindo dinamizar uma política de turismo cultural, ambiental, desportivo e sénior. O candidato disse ainda que, conseguidas as acessibilidades modernas, a Guarda é agora um «concelho charneira» no desenvolvimento nacional e transfronteiriço. Entende por isso ter chegado o momento de concentrar a sua atenção no progresso económico «assente no conhecimento académico, científico e tecnológico». É este o seu concelho, disse, «sem megalomanias ou demagogias». A sala aplaudiu de pé, cantou o hino e invadiu o palco para cumprimentar o «próximo presidente da Câmara», sustentaram todos os oradores que antecederam Joaquim Valente. António Saraiva, líder da concelhia, reiterou que o PS escolheu a «pessoa certa» para a candidatura e Fernando Cabral recordou que os socialistas são poder na Guarda desde 1976. O presidente da Federação evocou «todos os autarcas» socialistas – sem os citar para não falar em Abílio Curto – que por cá passaram e garantiu que os guardenses estão «orgulhosos» do trabalho desenvolvido.

E passou ao ataque. Ana Manso foi o alvo privilegiado, tendo sido acusada de ser mais conhecida pelos «insultos e insinuações» do que pelas propostas. «A questão do hospital é um assunto que não vale a pena», continuou, garantido que o PS vai cumprir a promessa de modernizar o ex-sanatório. Mas antes de deixar o palanque, Cabral deixou-se levar pela euforia e disse estar convicto de que o PS vai ganhar «mais uma vez» a autarquia, «só que é preciso trabalhar muito», avisou. Veio depois Miranda Calha, em representação da direcção nacional do PS, a quem coube falar das finanças do país. «A situação não é mesmo nada boa e vai implicar muito rigor e contenção», anunciou, acusando o PSD de ter sido responsável pelos «três anos mais dramáticos» das últimas décadas. «Vêem agora dizer que se faça isto ou aquilo, mas não fizeram o mea culpa pela situação calamitosa que nos deixaram», rematou. Quem não pôde estar presente foi o «amigo» José Sócrates, que enviou a Valente uma mensagem de encorajamento e de apoio.

Luis Martins

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