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Vagas protocolares para solucionar carência de especialistas no interior

Ministério da Saúde está a ultimar conjunto de incentivos para suprir «carência estratégica»

O Ministério da Saúde vai, pela primeira vez, criar vagas protocolares destinadas aos novos internos nos hospitais mais afastados dos grandes centros, como é o caso da Guarda. Esta é a principal alteração introduzida no diploma do internato médico com vista a suprir «uma carência estratégica» do país e em particular do interior, anunciou sábado o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde na Guarda durante o Congresso Nacional dos Médicos Internos. Mário Patinha Antão considera que esta medida pode não resolver tudo, mas vai «solucionar ou reduzir algumas situações de insuficiência crónica de especialistas, como a Pediatria e outras especialidades no Hospital Sousa Martins».

O Congresso Nacional dos Médicos Internos realizou-se este ano na Guarda para demonstrar à tutela que os clínicos estão disponíveis para exercer a profissão no interior do país, desde que haja melhoria das condições, disse Rui Guimarães, da organização. «Muitos médicos novos são colocados no interior do país, com contratos verdadeiramente ridículos, com vínculos verdadeiramente precários, com três ou seis meses de duração», acrescentou, sublinhando que esta opção pela Guarda visa «desmascarar a ideia de que os médicos internos não querem vir para o interior, porque eles estão dispostos a vir desde que lhes sejam dadas condições». Durante três dias, cerca de 250 internos debateram as alterações anunciadas pelo Governo para a formação dos clínicos, o Serviço Nacional de Saúde, as saídas profissionais, o médico na indústria farmacêutica, a medicina legal, a emergência médica ou a medicina desportiva, entre outros. No sábado, Patinha Antão anunciou estar em curso uma «nova política» para reduzir a escassez de especialistas no interior, que vai assentar nas vagas protocolares, no reforço das vagas carenciadas e num conjunto de incentivos que o ministério está a ultimar.

Quanto ao Hospital da Guarda, anunciou, sem especificar, melhorias «importantes» do ponto de vista das infraestruturas físicas, do equipamento e recursos médicos. E confirmou que o concurso público para a construção do novo edifício deverá ser lançado até ao final de 2005. «É um compromisso absolutamente assumido pelo Governo», disse o secretário de Estado, que não duvida que a questão do terreno vai ser ultrapassada. «Por vezes, o terreno inicialmente pensado pode não ser o mais adequado, por uma ou outra razão, e haverá uma solução diversa», justificou, sem se referir ao Parque da Saúde. Sobre a questão do eventual fecho da maternidade, Patinha Antão disse tratar-se de uma matéria que tem que ser pensada em função de critérios de qualidade do ponto de vista médico. «É necessário pensar que para haver intervenções de qualidade é necessário que as equipas estejam completas», adiantou, sublinhando que a assistência corrente tem que ser prestada o «mais próximo possível» das pessoas, enquanto os casos de maior complexidade terão que estar «manifestamente centralizadas». De resto, o governante considera que será sempre preciso ter em conta as «realidades locais, como as acessibilidades e os serviços existentes», antes de tomar qualquer decisão. «Mas se houver meios de deslocação rápida, às vezes é preferível do que estar a concentrar equipas que depois não têm sequer o treino e a mão necessária para resolver casos que podem ser complexos», concluiu.

Luis Martins

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