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Transparent Things – Fujiya & Miyagi

A Idade da Experiência

A honestidade fica sempre bem, ainda por cima, quando estamos perante um caso de talento. Assim, o que se espera, está plenamente esclarecido logo no título do álbum, além de terem deslocado o centro da acção para o imaginário do Japão, onde tudo é possível. Este foi então um acto inteligente, pois situando a narrativa noutro país que não o de origem, afinal são escoceses, conferem uma imagem de globalidade para a linguagem musical que recuperam. E afinal, de que se trata? Tão simplesmente de “krautrock”, no seu estado mais avançado, isto é, já a caminhar para a segunda metade da década de 70. A estrutura básica é inspirada nos míticos Neu!, com a arquitectura rítmica precisa como uma máquina de alta velocidade – alusão à célebre estética “motorik” dos Neu! – embora havendo espaço de respiração para a perfeita canção pop composta pelos Can em “Future Days”. E ainda há tempo para breves citações aos Wire – do final do primeiro ciclo de existência e dos tempos da reencarnação. Estamos perante um disco que procura na história uma reciclagem para o futuro, ousado, mas linearmente belo. “Transparent Things” é a exacta definição.

Por: Paulo Sebastião

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