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Seia não abdica de IC’s nem de estradas de acesso à Torre

Reunião extraordinária do executivo deliberou exigir «acções concretas» do Governo para a Serra da Estrela

O executivo da Câmara de Seia subiu à Torre, o ponto mais alto do país, para «se fazer ouvir em Lisboa» e reivindicar «acções concretas» do Governo quanto à melhoria das acessibilidades e da segurança na zona da Serra da Estrela, problemas de «há muitos anos». Da reunião extraordinária da última sexta-feira saiu ainda a exigência da revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra da Estrela e a construção de um teleférico entre Alvoco e a Torre. Quatro assuntos que geraram a unanimidade da Câmara, onde os dois vereadores do PSD subscreveram na íntegra as posições de Eduardo Brito e foram mesmo mais duros nas críticas.

Para já, o presidente do município vai reunir-se dia 11 com o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mexia, a quem vai confrontar com três obras de que o concelho de Seia «não prescinde». Trata-se da requalificação da EN 339 (Seia/Torre), da beneficiação da EN 338 (Portela do Arão/Lagoa Comprida) e da aprovação definitiva do IC6, IC7 e IC37, conforme previsto no projecto de portaria apresentado pelo anterior Governo. Eduardo Brito quer ainda clarificar este último ponto depois do secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas ter dito recentemente em Gouveia, conforme noticiou “O Interior”, que o Governo está a reanalisar os projectos dos Itinerários Complementares 6 (Covilhã-Coimbra), 7 (Vendas de Galizes-Celorico da Beira) e 37 (Seia-Viseu). A finalidade é optar pela construção de apenas um IC na corda da Serra da Estrela: «Parece-nos que para uma região tão pequena, em termos de dimensão de território, são IC’s a mais», disse Jorge Costa, argumentando que os traçados destas três vias estão «muito próximos e têm que ser revistos» no âmbito da revisão do Plano Rodoviário Nacional.

Estradas na gaveta

«Isto é uma barbaridade», responde o autarca senense, para quem os IC’s em questão são «fundamentais» para o desenvolvimento do seu concelho e da Serra da Estrela, o principal destino turístico de Inverno e o segundo depois do Algarve. «Façam-nos as infraestruturas que nós captaremos as iniciativas», acrescenta, esperando que o Governo cumpra o que prometeu há dois anos atrás no projecto de portaria, com o qual concordaram a «grande maioria» das Câmaras da região. «Como esse projecto continua na gaveta, somos das poucas regiões do país que não têm os eixos resolvidos», denuncia, sendo acompanhado nas críticas por Tenreiro Patrocínio, líder da oposição no executivo senense, que chegou a propor a realização de uma reunião de Câmara na estrada. «Hei-de lutar de forma tenaz pela requalificação da estrada Seia-Torre», avisa o vereador do PSD. O Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) foi outro dos alvos das críticas devido ao atraso da revisão do seu Plano de Ordenamento. Eduardo Brito garante mesmo que a demora está a pôr em causa a concretização de algumas iniciativas empresariais no concelho. «O PNSE não é de meia dúzia, é de quem aqui vive e se há uma espécie em vias de extinção no parque é a humana», acusa o autarca, que exige a participação dos cidadãos e das autarquias locais na definição do parque natural.

«Ninguém no-lo pode impor», avisa, defendendo que os índices de construção e os perímetros urbanos das freguesias têm que «ser definidos pelo Plano Director Municipal (PDM) e não pelo Plano de Ordenamento do parque». E se Eduardo Brito acha que o PNSE tem sido um «empecilho» ao desenvolvimento do seu município, Tenreiro Patrocínio é mais severo e vê a instituição como «um factor de retrocesso». Presente na assistência, o director do PNSE referiu que o documento tem sofrido sofreu «diversos revezes», mas que já estão prontas a caracterização e o plano de diagnóstico, aprovados recentemente em comissão técnica de acompanhamento. «Vai realizar-se em Outubro a última reunião desta comissão e o Plano de Ordenamento entrará depois em discussão pública», adiantou Fernando Matos. Quanto à segurança, continua por concretizar o reforço de meios policiais reclamados para este lado da serra, bem como a criação de um posto sazonal da GNR no Sabugueiro durante os meses de Inverno. «Nós falamos de ano para ano, mas o Inverno passa e os problemas ficam», lamenta Eduardo Brito. Outros problemas que a Câmara quer discutir com os ministérios do Ambiente e da Administração Interna.

Luis Martins

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