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Rui Tavares

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Que forças obscuras permitem tanto espaço de exposição a Rui Tavares? Quem é o historiador e fundador do Livre? Foi militante do Bloco de Esquerda, por quem foi deputado europeu, e fundou o Livre com a dura realidade de uma hecatombe eleitoral. Escreveu sete livros, entre os quais um das suas crónicas no jornal “Público”. Ele é uma figura da comunicação pontificando nos jornais e televisões. Ele está onde, por exemplo, não entra Carlos Carvalhas, que liderou o PCP de 1992 até 2004. Ele está onde não surgem Garcia Pereira ou Carvalho da Silva. Rui Tavares tem este charme indiscreto de se insinuar como um fio condutor moralista que define branco e preto, direita e esquerda, num tom estafado de esquerdista dos anos 30. Define-se como o futuro numa recente crónica sobre Paulo Varela Gomes. Este homem de 43 anos é um vigoroso representante dos inflamados salteadores da liberdade da direita, um dos que incendeia o mundo quando alguém se lhe opõe, um destes ofensores dos que são cristãos, dos que são pela família como base da sociedade, dos que querem para os islâmicos o mesmo que eles nos dão nas terras em que ditam leis, um acérrimo lutador contra os malvados do dinheiro, os criminosos do capital. Rui Tavares é uma das vozes mais antidemocráticas que vou lendo e vou tendo de escutar na televisão por evidente ausência de outros ou por teimosia dos programas. Na divergência de ideias solta os palavrões de que alguma esquerda tem os bolsos cheios. Os outros são sempre atrasados, mentecaptos, cegueira fascista. Os portugueses são milhões e deve existir uma infinidade de gente culta e bem preparada, mas temos de ouvir constantemente alguns que não sei como são escolhidos. Os líderes do PSD e do PS conseguem um protagonismo frequente. Mas alguns são apagados como se provocassem terror. Há uma ditadura da linguagem e dos conceitos aceites como se outras ideias perigassem a democracia. Porque não vemos Carvalho da Silva? Porque apagaram o Carlos Carvalhas que liderou mais de dez anos o PCP? Por curiosidade, Carlos Carvalhas teve 600 mil votos contra menos de 50 mil de Rui Tavares. Porque não ouvimos a direita reacionária? Porque calaram a voz dos que pensam de outro modo? O espantalho dos fascistas é levantado com a insanidade da ignorância. A defesa incompreensível da Coreia do Norte por alguma esquerda mete dó. A postura acrítica sobre os crimes de modo transversal. Crimes de trabalhadores são atos de luta, crimes de empresários são hediondos. Rui Tavares consegue ter alguns dos seus mais convictos amigos na esfera da governação. Tem de ser um homem importante. Eu é que não vislumbro!

Por: Diogo Cabrita

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