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«Era desejável que mais jovens se interessassem pela nobre causa dos bombeiros»

Cara a Cara – António Lourenço

P – O que o levou a recandidatar-se à presidência da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa?

R – Depois de 12 anos a servir a causa dos bombeiros em favor da proteção e do socorro da população do concelho de Vila Nova de Foz Côa e dos municípios vizinhos, e de ter sido possível ampliar o quartel dos bombeiros, adquirir novas viaturas de transporte de doentes e de combate a incêndios, publicar um livro sobre a história dos “Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa de 1933 a 2015”, adquirir novos equipamentos e ampliar os elementos do corpo de bombeiros, vários associados e voluntários solicitaram-me para que continuasse à frente da direção por mais um mandato. Perante os pedidos formulados e a equipa que se dispôs a constituir os órgãos sociais e a trabalharmos em conjunto não podia deixar de responder afirmativamente.

P – Qual a primeira medida que vai adotar neste novo mandato?

R – Entre os elementos da direção e também com os membros da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal, contando ainda com a opinião do comandante do corpo de bombeiros, foi decidido apresentar uma candidatura ao programa POSEUR, que decorre até 29 de julho deste ano, para aquisição de uma nova viatura ligeira de combate a incêndios (VLCI) para substituir outra que data de 1989 e já não reúne as necessárias condições de operacionalidade. Os nossos bombeiros precisam ter equipamentos e viaturas que possam dar a melhor resposta às solicitações que vão sendo presentes.

P – Quais são as principais carências da associação?

R – De uma forma geral, todas as associações humanitárias têm carências ou necessidades. A sua sustentabilidade deveria estar assegurada através de uma lei que assegurasse os meios necessários, quer por parte do Estado, quer pelo respetivo município. Isto não acontece porque a ANMP – Associação Nacional dos Municípios Portugueses rejeitou a possibilidade de, na recente lei publicada, ficar consagrada a responsabilidade municipal, o que não é compreensível, nem aceitável. Assim, há associações devidamente apoiadas pelos municípios e outras que não têm qualquer apoio municipal, como é o caso de Vila Nova de Foz Côa, não obstante nos orçamentos camarários aprovados virem inscritas verbas com algum significado, como subsídio à AHBV. Depois, os valores aprovados não são transferidos a favor da associação, muito embora terem vindo a ser reclamados. Embora haja um razoável número de bombeiros na nossa corporação, era desejável que mais jovens se interessassem por esta nobre causa e manifestassem junto dos responsáveis do corpo ativo a vontade de virem a integrar as suas fileiras, depois de cumprida a necessária formação.

P – O que pode ser feito para combatê-las?

R – Quanto à primeira, era necessário interesse e bom senso por parte das diversas autoridades governamentais, da ANMP e de cada município em particular, para alterar a lei de financiamento das associações humanitárias e a prática, e cada município assumir as suas responsabilidades e não se alhear da causa da proteção e do socorro. A Liga dos Bombeiros Portugueses deve continuar a pugnar pela melhoria da lei para poder ser garantida a devida sustentabilidade das associações. Quanto ao aumento de jovens nas fileiras dos bombeiros depende das associações terem os meios financeiros devidos para disporem de equipamentos, fardamentos e outras condições para colocar à disposição dos bombeiros. Deve também haver mais incentivos e uma educação, a começar nas escolas, a favor da cidadania e da solidariedade. Nesta matéria, a comunicação social pode dar um grande contributo. Portugal sem fogos depende de todos. Os fogos não são só um problema para os bombeiros, mas é um problema da nossa sociedade. É preciso que este slogan da ANPC seja interiorizado pela generalidade da população e por diversas entidades. Os bombeiros são o braço armado da proteção civil e por isso precisam e merecem o apoio da população e de entidades diversas.

P – A associação está preparada para a nova época de incêndios?

R – O nosso corpo de bombeiros não possui tudo do que gostaríamos. No entanto, está preparado em termos humanos, de equipamento e de viaturas para vir a fazer face às diversas ocorrências que possam acontecer na área do concelho de Vila Nova de Foz Côa ou dos municípios vizinhos. Já entrou em funcionamento uma equipa permanente de prevenção e combate aos incêndios (ECIN), que se irá manter pelo menos até final de setembro.

Perfil:

Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa

Profissão: Empregado bancário reformado

Naturalidade: Moreira de Rei (Trancoso)

Currículo: Funcionário da Repartição de Finanças de Trancoso, funcionário bancário no BCP, presidente da Direção da AHBV de Vila Nova de Foz Côa, presidente da Junta de Freguesia de Chãs, presidente da Direção da Cooperativa dos Olivicultores de Vila Nova de Foz Côa, fundador e vice-presidente da direção do Centro Social Paroquial de Chãs, fundador da Banda Filarmónica de Chãs, membro dos corpos sociais da Misericórdia de Vila Nova de Foz Côa, secretário da Assembleia Municipal de Vila Nova de Foz Côa, secretário da Assembleia Municipal da Guarda, membro dos corpos sociais da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda, vice-presidente da direção da Douro Superior, presidente e membro da Comissão Política Concelhia do PSD de Vila Nova de Foz Côa e membro do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Foz Côa

Livro preferido: “O Dia dos Milagres”, de Francisco Moita Flores

Filme preferido: “Ben-Hur”

António Lourenço

Sobre o autor

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