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Reflexão sobre a falta de “humanidade” nos hospitais

Saliências

Para mim não é recente. Começou por artigos vários em jornais dispersos. Falei algures sobre as expectativas das futuras mães em França. Li sobre o facto de se ter “medicalizado” muito o nascimento e a vontade de voltar às origens e chegar-se a ter as crianças em casa. Eu sou pela intervenção segura da medicina. Em França, as maternidades são um luxo comparadas com as portuguesas. Ali apostou-se em muitas maternidades até 2.000 nascimentos por ano. A noção de fábrica, como a Alfredo da Costa, não existe em França. Fala-se muito de carinho e afectividade, discurso frequente em muitas futuras mães e família. Mas sejamos claros, não é de carinho que precisam – é de respeito. O carinho compete à família e aos amigos. A equipa médica tem que estar atenta às desventuras, às hipertensões, a tudo o que sai do normal e considerar como único cada paciente. Durante isto tudo tem de tratá-lo com respeito. E respeito significa ouvir os doentes e responder o melhor que se pode aos seus pedidos. No caso das crianças é diferente, precisam de mimos e brincadeira. Precisam ambiente pediátrico onde o mundo os não amedronte. O triste exemplo de ver operar meninos nos Covões é assunto a que voltaremos em breve. Os sentimentalismos arrastam o debate para campos subjectivos que impedem uma estratégia clarividente e um modelo de rectidão. O principal está na tolerância e no respeito. De facto tratar com pessoas é muito cansativo, perguntem aos balconistas todos e recordem que muito do trabalho em saúde é como restauração. Também as hospedeiras cheias de ilusão acabam a servir refeições em aviões entre aeroportos.

Por: Diogo Cabrita

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