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Recuperação da linha ferroviária Pocinho-Barca d’Alva-La Fregeneda é «fundamental»

Primeiro encontro transfronteiriço juntou na Guarda o Governador Civil e o Sub-delegado do Governo Espanhol em Salamanca

Levar por diante um projecto de recuperação da linha ferroviária entre Pocinho, Barca d’Alva e La Fregeneda para promover as viagens em comboios turísticos foi uma das principais conclusões do primeiro encontro transfronteiriço, que reuniu na Guarda, entre outras entidades, o Governador Civil do distrito e o Sub-delegado do Governo Espanhol em Salamanca. De resto, a aposta neste tipo de turismo é encarada como uma boa forma de «dinamizar» uma zona que é considerada a «bolsa mais pobre da Europa».

Este encontro teve como grande finalidade a discussão de problemas específicos comuns à raia portuguesa e espanhola, assim como a resolução de possíveis disparidades legislativas. Jesus Málaga, Sub-delegado do Governo Espanhol em Salamanca, adiantou que as autoridades do país vizinho têm um projecto para tentar recuperar a linha ferroviária entre Pocinho, Barca d’Alva e La Fregeneda, parada há muitos anos por «não reunir condições» para o seu funcionamento «para fins turísticos», indica. «É preciso haver cooperação e é fundamental que este projecto tenha continuidade. Consideramos que é um comboio de grande impacto turístico e pode ser a forma de dinamizar a parte mais preocupante neste momento de Espanha», reforça. É que a zona das Arribas do Douro é a «mais despovoada» de Espanha, havendo em certos pontos índices «de seis ou sete habitantes por quilómetro quadrado», daí admitir que a zona fronteiriça da província de Castilla y León com Portugal é a «bolsa mais pobre da Europa». Apresentando uma «população muito envelhecida, com pouca dinâmica económica, há que rentabilizá-la com fortes investimentos», sublinhou Jesus Málaga, adiantando que o seu Governo aprovou há seis meses um plano especial, designado por “Plano do Oeste”, para a reabilitação e recuperação das províncias de León, Zamora e Salamanca.

Também o Governador Civil da Guarda, Joaquim Lacerda, concordou que do lado de cá da fronteira se assiste a um fraco desenvolvimento económico, sublinhando que «para os vários Governos, este interior tem sido tratado sempre mais ou menos da mesma maneira, o que tem levado à perda de população», realça. Já em relação às vias de comunicação, Málaga Guerrero realçou que Espanha está a trabalhar há algum tempo na auto-estrada que vai unir Salamanca a Vilar Formoso, acreditando que em 2005 seja possível construir um troço de sete ou oito quilómetros que entre Fuentes de Oñoro e a A25. De resto, esta pequena intervenção é tida como «importante» porque também vai permitir a «eliminação total ou parcial» das cabinas de fronteira em Vilar Formoso e Fuentes de Oñoro. Outro dos temas abordados foi o traçado da linha de alta velocidade, com Málaga Guerrero a explicar que do lado espanhol já está definido o traçado até Salamanca, onde deverá chegar em finais de 2008, enquanto em Portugal ainda estão a ser estudadas as várias possibilidades do corredor entre Salamanca e Viseu. A coordenação da Protecção Civil transfonteiriça, a melhoria de circulação do trânsito na fronteira, a definição de uma estratégia concertada no combate à droga, prostituição, tráfico de armas e emigração ilegal, bem como a dignificação do parque TIR de Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro foram outros assuntos abordados. O Sub-delegado do Governo Espanhol revelou ainda que a próxima Cimeira Ibero-Americana vai decorrer em Salamanca em 2005, o que implicará uma «série de medidas de segurança nos dois lados da fronteira».

Ricardo Cordeiro

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