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PETUR procura soluções junto dos agentes económicos e sociais

Primeira reunião de trabalho do Plano Estratégico de Turismo para a Serra da Estrela envolveu os jornalistas em Manteigas

Até ao final de Janeiro, a equipa responsável pelo Plano Estratégico de Turismo para a Serra da Estrela (PETUR) pretende ter concluído o levantamento de todos os projectos turísticos existentes na região. O prazo ficou definido naquela que foi considerada a primeira reunião de trabalho da equipa coordenada pelo professor Pedro Guedes de Carvalho com os jornalistas, que teve lugar em Manteigas no último sábado. Os responsáveis da Universidade da Beira Interior consideraram o papel dos profissionais da comunicação social «fundamental» para o desenvolvimento do plano estratégico.

«Este é o primeiro passo para alavancar as potencialidades turísticas na região. Um plano de turismo não se pode fazer num gabinete fechado, mas em conjunto com os vários agentes económicos e sociais», destacou Pedro Guedes de Carvalho, ciente da “árdua tarefa” que será a articulação dos vários projectos turísticos existentes ou anunciados até ao momento para a região. Por isso, a equipa do PETUR, que envolve cinco professores da UBI, vai reunir ainda este mês com os dez autarcas envolvidos no plano e com técnicos ligados ao urbanismo e ao planeamento de cada município com vista à sua integração numa equipa técnica orientada por uma arquitecta da Câmara de Manteigas. O objectivo é poder fazer «pela primeira vez o “casamento” entre os PDM e os planos de urbanização que existem», sublinha Pedro Guedes de Carvalho, adiantando ser necessário tornar o planeamento «mais eficiente», tendo em conta que «há uma série de projectos no ar, muitos deles anunciados à comunicação social de forma precipitada e sem estudo prévio, bem como afirmações de coisas que não se realizam ou que poderiam ser feitas e que nunca são ditas».

Vender marca “Serra da Estrela” do Douro ao Tejo

Apesar de terem até Dezembro de 2005 para concluir o PETUR, a ideia é ter pronto todo o trabalho de diagnóstico até Janeiro, altura em que se deverá realizar um seminário geral para debater a futura estratégia turística a desenvolver na Serra da Estrela. À semelhança do cão, do queijo e da água, que já têm a “marca Serra da Estrela”, falta agora definir os produtos e os projectos que a poderão integrar, bem como criar novos pólos de atracção. As Aldeias Históricas, a Natureza, os desportos de Inverno e de Verão ou a gastronomia da região, são pontos de partida para um projecto turístico sustentado e regulamentado que possa proporcionar uma oferta diversificada para os turistas permanecerem na região mesmo em alturas em que não há neve. «A neve não é a única coisa que podemos vender, apesar de sabermos que é um chamariz», diz o coordenador do PETUR, que pretende integrar nesta marca turística uma oferta que vá do Douro ao Tejo. «Monfortinho não é Serra da Estrela, mas pode-se vender como tal», exemplifica, considerando haver aqui novas oportunidades de investimento para áreas tradicionais actualmente em vias de extinção, como a pastorícia.

«A pastorícia teve uma quebra de 600 por cento nas últimas décadas. Podemos aproveitar os pastores como guias turísticos para mostrar sítios inóspitos da Serra da Estrela ou para os turistas verem como se faz o queijo da Serra», exemplifica, acrescentando que estas são ainda «ideias malucas» mas que poderão transformar-se numa actividade turística no futuro. Uma das dificuldades com que a equipa da UBI se confrontou para a realização do PETUR foi a inexistência de dados estatísticos da região, pelo que já está a ser criado um «pequeno observatório» das várias actividades existentes na região. Para já foi feito o levantamento estatístico de 387 restaurantes nos dez municípios integrados no PETUR (Manteigas, Covilhã, Belmonte, Aguiar da Beira, Celorico da Beira, Guarda, Fornos de Algodres, Seia, Gouveia e Trancoso). «A ideia é fazer um levantamento mensal da procura para termos uma espécie de painel de observação que nos vai permitir registar ao longo do ano a evolução sazonal», explica Pedro Guedes de Carvalho, que pretende desta forma «influenciar o Instituto Nacional de Estatística» para outro tipo de dados estatísticos sobre a região assim que o projecto acabar no final do próximo ano.

Liliana Correia

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