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Ana Manso quer interior como «prioridade nacional»

Líder do PSD da Guarda disse no congresso de Barcelos que Governo deve mudar de atitude e «pensar mais nas pessoas»

Ana Manso não se resigna a que seja o PSD a «agravar a descriminação e a interioridade» e promete lutar até que o interior seja considerado «uma prioridade nacional». A crítica e a exigência foram feitas no último congresso social-democrata, realizado no fim-de-semana em Barcelos, onde a líder da distrital da Guarda, que também é vice-presidente da bancada parlamentar na Assembleia da República, reclamou de Santana Lopes uma «nova atitude política» para o interior e para a Guarda.

«Hoje, passados mais de 800 anos, precisamos de um novo D. Sancho e reclamamos um novo foral para um tempo novo», disse, convidando o Governo a realizar um próximo Conselho de Ministros na cidade fundada pelo Rei Povoador em 1199.

Dando como exemplos os atrasos do novo hospital da Guarda, o «mau» PIDDAC e as portagens nas SCUT, Ana Manso considerou, numa intervenção bastante crítica da actual governação, que estes temas são assuntos de «vida ou de morte» para uma região que «quer lutar contra o despovoamento, a descriminação, a falta de emprego e de desenvolvimento». E avisou que «tudo o que parece pequeno pode ser aquilo que nos faz ganhar ou perder», lembrando que as autárquicas e as legislativas estão aí. «Para manter ou reforçar a posição do PPD/PSD nos próximos actos eleitorais, não podemos continuar a ser masoquistas. É preciso governar a pensar mais nas pessoas e no seu dia-a-dia. É preciso estar atento aos sinais de descontentamento», sentenciou a líder da distrital guardense, para quem anunciar «repetidamente e, com tanta antecedência, medidas impopulares é um suicídio e compromete todo o trabalho político». Ana Manso sublinhou ainda que o Executivo de Santana Lopes não deve apenas governar «com base nas restrições», mas tem também que mostrar «os frutos que brotam dos sacrifícios pedidos» para recuperar a confiança dos portugueses. «É preciso mudar de atitude, ter bom senso e ter sentido de oportunidade, falar a uma só voz, para que, em tempo politicamente útil, o descontentamento se transforme em satisfação e a desconfiança em esperança», considerou, anunciando que de «boas intenções está o interior cheio».

Para a presidente do PSD da Guarda chegou a altura de passar à prática em questões como o novo hospital, que «anda em marcha lenta»; o PIDDAC, que ficou «aquém do que precisamos e merecemos»; o IPG, em «marcha-atrás»; e as SCUT, onde tudo «já estava decidido contra a única medida de descriminação positiva para o interior digna desse nome». É que resolver estes casos «faz a diferença» na saúde, no bem-estar da população, no emprego, nas acessibilidades e no desenvolvimento desta região. Quanto ao fim das SCUT na A23 e A25, Manso não admite outra solução que não seja a «isenção dos residentes de portagens em todo o percurso», porque só assim haverá «justiça social e solidariedade nacional». De resto, nem o PS escapou à crítica neste assunto, uma vez que a líder social-democrata acusou os socialistas de terem criado um «caso único no país» quando não construíram de raiz a A23 e a A25. «Tiraram-nos o IP2 e o IP5 e deixaram-nos sem vias alternativas. Por isso, é justo que nos devolvam primeiro estas duas vias e depois sim, ponham as portagens nas auto-estradas», concluiu.

Luis Martins

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